Ex-reclusa no Irão obrigada a mentir
A cidadã britânica-iraniana Nazanin Zaghari-ratcliffe, que esteve seis anos na prisão no Irão, denunciou, ontem, que as autoridades iranianas a obrigaram a assinar uma confissão falsa antes de a deixarem sair do país.
Em declarações à estação televisiva britânica BBC, Zaghari-ratcliffe disse que um representante oficial britânico estava com ela quando se viu forçada a assinar a confissão "sob coação" para que as autoridades de Teerão a deixassem embarcar no avião com destino ao Reino Unido.
Nazanin Zaghari-ratcliffe, libertada em Março, depois de passar seis anos presa no Irão, por suposta espionagem, que tanto ela como o Reino Unido negaram , crê que o seu país de origem pode utilizar aquela confissão contra ela no futuro.
De acordo com o relato das suas últimas horas no Irão, Zaghari-ratcliffe indicou que não pôde despedirse dos pais e que a Guarda Revolucionária do Irão a obrigou a assinar "uma confissão falsa no aeroporto, na presença do Governo britânico", sem a qual não a deixaria entrar no avião.
Zaghari-ratcliffe foi detida no Irão em 2016 sob acusações de espionagem quando ia partir do país, depois de visitar os pais para que vissem a sua filha.
Após um processo legal no Irão, a mulher foi condenada a cinco anos de prisão por alegadamente conspirar para derrubar o Governo iraniano e, depois, a mais um ano de prisão por apoiar propaganda contra o regime de Teerão.
A sua libertação ocorreu em Março passado, depois de o Reino Unido ter pagado ao Irão uma dívida de 468 milhões de euros, apesar de ambos os Governos terem negado que tal tivesse tido qualquer relação com o caso de Zaghari-ratcliffe.