Apresentada pesquisa sobre o acesso à terra
Uma pesquisa sobre o acesso à terra e ao rendimento do trabalho pelas mulheres nas zonas rurais foi apresentada, quartafeira, em Luanda, pelo Fórum de Mulheres Jornalistas para Igualdade de Género (FMJIG).
Enquadrada no projecto “Voz forte nas autarquias”, a pesquisa realizada nas províncias de Luanda (Funda e Icolo e Bengo), Huambo (Ucuma e Longonjo), Huíla (Gambos), Benguela (Cubal) e LundaNorte, permitiu entrevistar 500 mulheres dos 16 aos 65 anos, para aferir o ponto de situação sobre o acesso à terra e ao rendimento, bem como o seu grau de empoderamento.
A pesquisa, financiada pela organização Ajuda da Igreja Norueguesa (NCA, sigla em inglês), concluiu que apenas 23 por cento das entrevistadas são proprietárias das terras que cultivam, 42% disseram que a terra é da família e 25% responderam que é do marido.
O inquérito constatou, igualmente, que 97% das mulheres entrevistadas em Luanda não têm nenhum título de terra. Sobre o conhecimento dos direitos fundiários, 86% disseram que nunca ouviram falar do direito à terra, 35% considera que só os homens podem ter acesso à terra.
A coordenadora da pesquisa, Suzana Perez, disse que uma das constatações mais preocupantes é o facto de 51% das entrevistadas pensar ainda que, no geral, as mulheres têm menos direitos que os homens.
Os organizadores do estudo recomendaram, por isso, a realização de acções de capacitação junto das comunidades rurais, dar visibilidade às desigualdades ainda existentes e a integração do tema nas questões de género.
A coordenadora do Fórum de Mulheres Jornalistas para a Igualdade de Género, Milena Costa, garantiu que o documento será partilhado com o Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e outras organizações que trabalham na promoção da igualdade de género.