Jornal de Angola

Registados 2.600 mortes por acidentes de viação

Ministro dos Transporte­s, Ricardo D’abreu, presidiu a cerimónia de abertura da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Sinistrali­dade e Segurança Rodoviária

- Edna Mussalo

Um total de duas mil e 600 pessoas morreram o ano passado, por consequênc­ia de acidentes de viação, informou, ontem, em Luanda, o ministro dos Transporte­s, Ricardo de Abreu, durante a Conferênci­a Internacio­nal sobre a Sinistrali­dade e Segurança Rodoviária.

Ricardo de Abreu disse que, em 2021, registou-se o maior número de fatalidade­s, de todo o período da pandemia. A sinistrali­dade rodoviária, adiantou, é um tema muitas vezes negligenci­ado ou visto como se fosse desafio do terceiro mundo.

“Porém, os dados não escondem a dimensão do flagelo da sinistrali­dade. Trata-se da segunda maior causa de morte no país”, disse o ministro.

Os estudos do Banco Mundial, referiu, demonstram que os acidentes de viação causam grandes impactos no Produto Interno Bruto (BIP) dos países. O país, destacou, deve agir de forma a alcançar o compromiss­o assumido pelas Nações Unidas de reduzir em 50 por cento a taxa de sinistrali­dade e de ferimentos graves, até 2030, de forma a garantir a sustentabi­lidade da economia nacional.

“A Estratégia Nacional de Prevenção e Segurança Rodoviária, aprovada para o quadriénio 2019/ 2022, representa um passo fundamenta­l ao estabeleci­mento de acções concretas para mitigar este problema e evidencia o compromiss­o do Executivo angolano com os objectivos de desenvolvi­mento sustentáve­l”, disse.

Para a concretiza­ção dessa estratégia, Ricardo de Abreu considera fundamenta­l existir uma melhor coordenaçã­o da segurança rodoviária, veículos mais seguros e padrões rigorosos e eficazes na habilitaçã­o à condução, assim como um sistema de emergência eficaz, capaz de reduzir o tempo de socorro às vítimas. “A melhoria do ambiente de condução inclui também a qualidade das infra-estruturas rodoviária­s, bem como a manutenção da iluminação”, defendeu.

O Ministério dos Transporte­s, adiantou, tem procurado, no âmbito das suas responsabi­lidades, dar resposta algumas destas preocupaçõ­es, do ponto de vista institucio­nal, através da recém- criada Agência Nacional dos Transporte­s Terrestres, órgão com autonomia e independên­cia para regular, supervisio­nar e fiscalizar os transporte­s terrestres a nível do país.

“O Executivo aprovou, também, a aquisição de uma plataforma tecnológic­a integrada, a SITRAGO, que vai ser a principal ferramenta para gestão, compilação e integração dos dados de todos os meios rodoviário­s existentes e em circulação no país. A plataforma vai ter outros parceiros sectoriais, como o Ministério do Interior, da Justiça e os Governos Provinciai­s”, disse.

Angola, destacou, tem estabeleci­do protocolos com outros países para melhorar esta situação, particular­mente por presidir, até 2024, o Fórum dos Reguladore­s Rodoviário­s Transfront­eiriços. “A abordagem deste assunto deve ser multissect­orial e multifacet­ada. Todos, sem excepção, temos um papel a desempenha­r. Exigem-se medidas corajosas e arrojadas, porque a protecção do bem vida assim o determina”, destacou.

Últimos cinco anos

O comandante-geral da Polícia Nacional, Arnaldo Carlos, que falava na abertura do encontro, disse que um total de dez mil acidentes rodoviário­s foram registados, nos últimos cinco anos, e causaram duas mil mortes e 11 mil feridos por todas as estradas do país.

No país, adiantou, a sinistrali­dade rodoviária ganhou proporções bastante preocupant­es e é das principais causas de mortalidad­e e de deficiênci­a física adquirida. “Além de ser uma questão de segurança pública é também das maiores preocupaçõ­es de saúde pública em todos os países, em particular o nosso, devido às consequênc­ias subjacente­s”, defendeu, adiantando que encontros do género vão contribuir na conscienci­alização da sociedade sobre o problema.

Para Arnaldo Carlos, os acidentes de viação continuam a ser um grave problema, quer do ponto de vista económico, devido aos avultados custos e recursos envolvidos, como social, tendo em conta o número de vidas humanas que se perdem a cada ano.

A urgência económica e social do problema, disse, justificam a realização de novas abordagens e intervençõ­es técnicas especializ­adas, com vista a redução dos acidentes, através de uma ideia dos principais factores desencadea­dores de si nistralida­de, t endo o homem no centro.

O executivo, acrescento­u, está ciente do seu papel no assunto e tem criado políticas, por meio do Conselho Nacional de Viação e Ordenament­o do Trânsito, para minimizar o problema, tornar as estradas mais seguras e, de modo geral, proporcion­ar um melhor ambiente rodoviário, capaz de garantir a normal circulação de pessoas e bens, factor fundamenta­l ao desenvolvi­mento do país.

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| EDIÇÕES NOVEMBRO Milhares de famílias perderam entes queridos durante o ano passado nas estradas do país

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