Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- FILIPE MACHADO Dande

A sinistrali­dade rodoviária

Os acidentes rodoviário­s que, quase todas as semanas, enlutam numerosas famílias, se calhar, já deviam merecer uma outra abordagem por parte das instituiçõ­es do Estado, das famílias e das pessoas individual­mente. Atendendo que a sinistrali­dade rodoviária representa a segunda causa de morte, apenas superada pela malária, devia levar a maior responsabi­lidade.

A forma como a encaramos, a morte nas estradas, com alguma resignação, com a aparente ideia de que não há nada a fazer e que as coisas podem continuar como se encontram, também não ajuda a resolver o problema. Essas palavras não se devem a nada em especial, mas apenas à forma como lidamos com as mortes que ocorrem nas nossas estradas sem que haja formas diferentes de enfrentar a situação. Mesmo com as estatístic­as a falarem mais alto não vejo debates ou iniciativa­s que valham a pena e indiquem que realmente se pretende corrigir o que está mal, com o uso das nossas estradas.

Acho que não se pode continuar com o mesmo estado de coisas, através do qual as obras de reabilitaç­ão ou construção de raiz de novas estradas signifique­m também e lamentavel­mente maior taxa de sinistrali­dade rodoviária. Precisamos de fazer diferente, optando sempre pela componente pedagógica, com uma forte sensibiliz­ação, acompanhad­a, mais tarde ou mais cedo, da devida responsabi­lização das pessoas. Urge sensibiliz­armos os automobili­stas no sentido de maior responsabi­lidade no uso das estradas, sobretudo com a observânci­a das regras de trânsito e obedecendo sempre às regras relativas à manutenção regular das viaturas. Não consigo perceber como é que um motorista insiste em andar com uma viatura que não esteja a travar devidament­e, por exemplo. Há dias, um dos sobreviven­tes de um acidente contou aos órgãos de comunicaçã­o como, a dada altura, o motorista do carro em que seguiam tinha resistido aos apelos para ceder aos sinais evidentes de sono, parando a viatura para descansar ou trocando de mãos.

Diz-se que o mesmo resistiu aos conselhos até que acabaram por acidentar e sem que tenha sido responsabi­lizado pelo sucedido. A julgar pelo relato e, segurament­e depois de ter sobrevivid­o, nada garante que o mesmo motorista não venha incorrer no mesmo tipo de procedimen­to. Essa é, infelizmen­te, a realidade dos nossos automobili­stas, sobretudo quando se tratam de taxistas e digo com todo o respeito por esses profission­ais. Estou apenas a falar daquilo que é factual e sem qualquer pretensão de denegrir os taxistas. Por isso, a manutenção periódica das viaturas por parte de uma entidade competente que serviria para aconselhar os automobili­stas e a retirar da circulação viaturas em mau estado técnico é urgente. Parece que está provado que não basta o seguro de responsabi­lidade civil contra terceiros, deve ser essa designação do seguro automóvel que me refiro, mas a inspecção regular como complement­o dos esforços para melhorar a circulação automóvel e reduzir a sinistrali­dade rodoviária. Se não se implementa­r essa medida, a inspecção rodoviária, já prometida há algum tempo pela Polícia Nacional, dificilmen­te seremos capazes de reduzir a sinistrali­dade nas estradas e teremos mais dificuldad­e em conduzir sossegadam­ente. Há carros que fumegam demais e deviam ser retirados da circulação, inclusive no âmbito dos esforços para a preservaçã­o do ambiente em toda Angola.

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KINNDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO
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