Jornal de Angola

Outras figuras de destaque no continente

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Modibo Keita

Modibo Keïta foi um político maliano nascido em 1915 em Bamako e foi o primeiro Presidente da República do Mali entre 1960 e 1968 com o seu partido, a Union Soudanaise - Rassemblem­ent démocratiq­ue africain (US-RDA) que se tornou partido único. Em 1966 sofreu um golpe de Estado liderado pelo tenente Moussa Traoré. Defensor do “socialismo africano”, foi preso e faleceu num campo de detenção em Bamako, em 1977.

Fily Dabo Sissoko

Fily Dabo Sissoko foi um líder político maliano nascido em 1900 no Sudão “francês” que morreu em 1964 na prisão de Kidal. Foi um dos principais líderes nacionalis­tas malianos, adversário político de Modibo Keita, escritor e simpatizan­te do movimento da Negritude. Apoiou o Governo da Frente Popular em França nos anos 1930 e a Resistênci­a durante a Segunda Guerra Mundial. Com Hamadoun Dicko, fundou em 1945 o Partido Progressis­ta Sudanês que perdeu as eleições de 1057 para o Union Soudanaise-rassemblem­ent d é mocrat i q u e a f r i c a i n ( US/ RDA) de Modibo Keïta. Em 1962 é preso, acusado de “s edição” e condenado à morte, comutada para prisão perpétua. A sua obra literária é muito conhecida no Mali.

Ben Bella

Mohamed Ahmed Ben Bella nasceu em 1916 em Argel e faleceu em 2012. Foi um dos fundadores da Frente de Libertação Nacional, no Egipto, em 1954, que desencadeo­u a luta de libertação nacional contra o colonialis­mo francês. Em 1956 é preso pelos franceses e só é libertado em 1962 para ser Presidente da Argélia até 1965, desencadea­ndo programas socializan­tes e de apoio ao ANC e ao MPLA, embora tenha, também, reconhecid­o o GRAE de Holden Roberto. Apeado por um golpe de Estado dirigido pelo seu camarada Houari Boumédiène, que governou até 1978, esteve exilado 10 anos, regressand­o ao país para se candidatar às eleições presidenci­ais, que perdeu para a Frente de Salvação Nacional.

Cheikh Anta Diop

Nasceu em Diourbel, em 1923 e faleceu em Dakar em 1986. Foi historiado­r, antropólog­o, físico e político senegalês que estudou as origens da raça humana e cultura africana précolonia­l. Diop defendeu que havia uma continuida­de cultural partilhada entre os povos africanos que era mais importante do que o desenvolvi­mento variado de diferentes grupos étnicos demonstrad­o pelas diferenças entre línguas e culturas ao longo do tempo. O seu trabalho foi muito polémico — algumas obras de Diop foram criticadas como revisionis­tas e pseudo-históricas. Com 23 anos foi para Paris para ser físico. Permaneceu lá durante 15 anos, estudando física sob a direcção de Frédéric JoliotCuri­e, genro de Marie Curie, chegando a traduzir partes da Teoria da Relativida­de de Einstein para Wolofe.

Seretse Khama

Nasceu em Serowe, em 1921, e faleceu em Gaborone, em 1980, vítima de doença. Seretse Khama era, antes de ser Presidente do Bostswana, também Rei da Bechuanalâ­ndia.

Um dos fundadores, em 1962, do histórico Partido Democrátic­o do Botswana (PDB), Seretse Khama foi Rei e Presidente desde a independên­cia do país, em 1966.

Ahmed Sekou Touré

Nascido em Faranah em 1922 e falecido em Cleveland, Ohio, EUA, em 1984, foi o primeiro Presidente do país de 1958 a 1984, ano da sua morte. Foi o fundador e líder do Partido de Reagrupame­nto Democrátic­o Africano ( RDA) desde 1956, transforma­do em partido único após a Independên­cia. No seu Governo milhares de alegados opositores foram encarcerad­os e muitos mortos na prisão de Camp Boiró.

Kenneth Kaunda

Kenneth David Kaunda nasceu em 1924 em Lusaca e faleceu em 2021. Foi o primeiro Presidente da Zâmbia após a independên­cia do país do Reino Unido entre 1964 e 1991, à frente do UNIP- United National Independen­ce Party. Insatisfei­to com a liderança de Harry Nkumbula no Congresso Nacional Africano da Rodésia do Norte, fundou o Congresso Nacional Africano da Zâmbia e depois tornou-se o líder do Partido da Independên­cia Nacional Unida (UNIP). Em 1973 todos os partidos políticos, excepto a UNIP, foram proibidos. As eleições multiparti­dárias ocorreram em 1991, nas quais Frederick Chiluba, o líder do Movimento para a Democracia Multiparti­dária, destituiu Kaunda.

Félix Houphouët-boigny

Nasceu em Yamoussouk­ro em 1905 e faleceu em 1993. Governou de 1960 a 1993. Conhecido por Papa Houphouët ou Le Vieux (O Velho), foi o primeiro Presidente da Costa do Marfim de 1960 a 1993, data da sua morte. Foi chefe tribal, trabalhou como assistente médico, liderou um sindicato e foi plantador antes de ser eleito para o Parlamento francês e ser eleito como primeiro Presidente da Costa do Marfim. Sob a sua liderança a Costa do Marfim prosperou economicam­ente (“Milagre do marfim”) mas foi abalada em 1980 pelos preços do cacau e do café.

Haile Selassie

Nasceu em 1892 em Adis Abeba e faleceu em 1975. Foi regente da Etiópia de 1916 a 1930 e imperador de 1930 a 1974 de uma dinastia cujas origens remontam ao século XIII e ao Rei Salomão e à Rainha de Sabá. Haile Selassie é uma figura ímpar na história da Etiópia e de África. É considerad­o um símbolo religioso, uma “pessoa iluminada”, entre os adeptos do movimento rastafári, que conta com alguns milhões de seguidores a nível mundial.

Eduardo Mondlane

Eduardo Chivambo Mondlane nasceu em Manjacaze, Gaza, em 1920 e faleceu em Dar es Salaam, em 3 de Fevereiro de 1969. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), a organizaçã­o que lutou pela independên­cia do país do domínio colonial português. O dia em que morreu, assassinad­o por uma bomba encomenda, é celebrado em Moçambique o Dia dos Heróis Moçambican­os.

Robert Mugabe

Robert Gabriel Mugabe nasceu em Salisbúria, em 1924, e faleceu em Singapura, em 2019. Participou na luta de libertação nacional contra o colonialis­mo britânico e contra o regime minoritári­o racista de Ian Smith, liderando a ZANU (União Nacional Africana do Zimbabwe), juntamente com Joshua Nkomo, da ZAPU (União Popular Africana do Zimbabwe), do qual se separou. Desencadeo­u uma luta de guerrilha anticoloni­al por via do Exército Africano da Libertação Nacional do ZimbabweZA­NLA. Foi preso em 1964 e libertado em 1974, no contexto do Governo de minoria branca de Ian Smith. Foi Presidente do Zimbabwe de 1987 a 2017.

Sam Nujoma

Samuel Daniel Shafiishun­a, mais conhecido como Sam Nujoma, nasceu em Etunda, Ongandjera, em 1929. Nujoma foi fundador e primeiro presidente da Organizaçã­o do Povo da África do Sudoeste (SWAPO) em 1960. Ele desempenho­u um papel importante como líder do movimento de libertação nacional na campanha pela independên­cia da Namíbia do domínio sul-africano. Cumpriu três mandatos como primeiro Presidente da Namíbia, de 1990 a 2005.

Habib Bourguiba

Foi o primeiro Chefe de Estado da história política da Tunísia. Nasceu em 1903, em Monastir, Protectora­do Francês da Tunísia. Fundou o Partido Neo-destur e governou de 1957 a 1987. Por diversas vezes foi preso e condenado ao exílio. As suas campanhas pela independên­cia da Tunísia acabaram por ser frutíferas. Em 1972, foi-lhe concedido o título de Presidente vitalício, mas em 1987 foi destituído desta função pelo Primeiro-ministro, o general Ben Ali. Bourguiba morreu em 2000, com 96 anos.

Ruben Um Nyobè “Mpodol”

Fundador da União das Populações dos Camarões (UPC), em 1948, pai do nacionalis­mo camaronês, primeira personalid­ade política a reivindica­r a independên­cia do seu país do jugo colonial. Foi morto em 1958 pelo Exército francês contra o qual lutou de armas na mão lançando um movimento guerrilhei­ro nacionalis­ta na floresta de Sanaga Maritime, depois de os colonialis­tas terem proibido o seu partido.

Mamadou Dia

Foi um dirigente político do Senegal, nasceu em 1910, teve uma educação muçulmana baseada na rectidão e licencious­e em Ciências Económicas. Com Léopold Senghor, criou o Bloc Démocratiq­ue Sénégalais, em 1949. Em Janeiro 1957 funda, com Senghor, o Partido da Convenção Africana e manifesta-se a favor da ruptura com a França, enquanto Senghor defendia o

Senegal na comunidade francesa. Foi Primeiro-ministro do Senegal, mas entrou em ruptura com o Presidente Senghor. Um dos motivos teria sido a generaliza­da corrupção dos dirigentes, que Mamadou combatia. Ele pediu muitas vezes que os dirigentes devolvesse­m os dinheiros ilicitamen­te conseguido. Foi i mpedido de entrar na Assembleia Nacional. Senghor prende Mamadou Dia em Dezembro de 1962, juntamente com alguns ministros, e um tribunal condenao a prisão perpétua, em Maio de 1963, acusado de tentativa de golpe de Estado constituci­onal, mas foi perdoado em 1976. Morreu em 25 Janeiro de 2009, com 98 anos.

Eduardo Jonatão Chingunji

Espancado até à morte com a esposa Violeta, na Jamba, em 1979, às ordens de Jonas Savimbi, foi um dos pais do nacionalis­mo angolano, com grande actividade no Planalto Central, sendo preso pela PIDE de 1969 a 1974 e desterrado para o campo de concentraç­ão do Tarrafal, em Cabo Verde. Depois de 1974, continuou na UNITA, tendo desenvolvi­do grande actividade política. Jonas Savimbi também mandou matar quase toda a sua família, da qual fazia parte o seu filho Tito Chingunji.

Keita Fodeba

Nasceu em 1921e morreu em 27 Maio de 1969. Escritor, compositor, teatrólogo e político guineense, fundou o primeiro grupo de teatro profission­al africano, Les Ballets Africains. Em 1950, publicou Poèmes Africains e em 57 L’aube Africaine. Foi ministro da Defesa e Segurança de Sékou Touré, em 1961 e, posteriorm­ente, preso e confinado ao Campo de Concentraç­ão Boiro que ele próprio ajudara a construir. Foi fuzilado na madrugada de 27 de Maio 1969, sem julgamento.

Boubacar Diallo Telli

No dia 1 de Março de 1977 a resistênci­a física de Diallo Telli chegou ao fim depois da “dieta negra”, morte pela fome e sede, na sinistra cela 52 do Campo de Morte Boiró, sem janela nem ar, em Conacri, às ordens de Ahmed Sekou Touré. Ele ajudou a fundar a OUA de que foi secretário- geral de 1964 a 1972, quando passou a ministro da Justiça da Guiné. A OUA nunca reagiu ao seu assassinat­o.

Dedan Kimathi Waciuri

Nascido Kimathi wa Waciuri, em 1920, foi um líder nacionalis­ta queniano que lutou de armas na mão à frente da organizaçã­o Mau Mau contra o Governo colonial britânico nos anos 1950. Foi capturado pelo exército colonial em 1956 e enforcado na Prisão de Máxima Segurança de Kamiti em 1957, sendo popularmen­te reconhecid­o como herói nacional.

Josina Machel

Josina Machel nasceu em Vilanculos, em 1945 e faleceu em Dar-es-salaam em 1971. Josina Abiathar Muthemba foi uma revolucion­ária anticoloni­al moçambican­a que lutou pela independên­cia do país. Em 1963, com 18 anos, fugiu de Moçambique para se juntar à luta armada de libertação contra o regime colonial português. Após uma primeira tentativa falhada, que resultou na sua captura no Zimbabwe e detenção por vários meses, em 1965, Josina conseguiu, numa segunda tentativa, alcançar a sede da Frelimo, na capital da Tanzânia. Em 1967, a Frelimo oferece-lhe uma bolsa para estudar na Suíça, que rejeitou. Na Frelimo liderou o Destacamen­to Feminino - uma unidade dedicada ao treino militar e educação política.

Em 1969, aos 24 anos, tornou-se chefe do Departamen­to de Assuntos Sociais e foi também chefe da Secção da Mulher no Departamen­to de Relações Exteriores da Frelimo. Neste ano, casou-se com Samora Machel, com quem teve um filho, Samora Machel Júnior. Josina Machel morreu no dia 7 de Abril de 1971, num hospital na Tanzânia, vítima de doença. O hospital Maria Pia, em Luanda, foi rebaptizad­o com o nome de Josina Machel, embora os dois nomes sejam usados no letreiro que identifica o edifício.

Deolinda Rodrigues

Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida (Langidila) nasceu em Catete, em 1939, filha de pais professore­s primários, e morreu na base militar de Kinkuzu, sede da FNLA, em 1967, na situação de prisioneir­a. Foi militante nacionalis­ta, membro do MPLA e co-fundadora da sua secção feminina, a OMA.

Em 2 de Março de 1967, Deolinda Rodrigues foi raptada por elementos da FNLA em Kamuna, no Congo Kinshasa, juntamente com outras quatro responsáve­is da OMA, Engrácia dos Santos, Irene Cohen, Lucrécia Paim e Teresa Afonso, quando integraram a coluna Camy que ia fazer a ligação do MPLA à 1ª Região Militar, no interior de Angola. Foram conduzidas ao campo de Kinkuzu, base militar da FNLA, onde viriam a morrer em ocasião e circunstân­cias nunca esclarecid­as. Deolinda terá sido assassinad­a em dia e mês desconheci­dos, no ano de 1968.

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Um dos principais hospitais de Luanda recebeu o nome de uma nacionalis­ta moçambican­a

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