Jornal de Angola

Polícia investiga denúncias de tortura contra civis

A situação em Cabo Delgado, provocada pelo combate ao terrorismo, tem sido o rastilho para uma série de denúncias sobre abusos de direitos humanos, que a Polícia diz querer investigar

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Uma equipa de inspectore­s da Polícia moçambican­a está a investigar acusações contra agentes da Unidade de Intervençã­o Rápida (UIR) por alegada tortura contra civis, durante o combate a grupos armados em Cabo Delgado, Norte do país, anunciou, quinta-feira, a corporação. Fontes da Polícia, citadas pelo Notícias, o principal diário do país, avançaram que a investigaç­ão foi ordenada pelo comandante-geral da corporação, Bernardino Rafael.

Rafael ordenou as averiguaçõ­es, após receber queixas de populares sobre torturas supostamen­te infligidas a civis por agentes da UIR que combatem a rebelião armada nos distritos do Norte da província de Cabo Delgado. A população fez as acusações durante uma reunião pública no distrito de Macomia, um dos assolados pela violência armada naquela província.

Os agentes da UIR são acusados de protagoniz­arem cenas de agressão física e extorsão contra populares. “Os que estiverem a desviar-se da missão de proteger e que fizerem mal à população devem ser expulsos da Polícia e ficarem nas suas casas”, declarou Bernardino Rafael, no referido encontro.

Rafael disse que serão tomadas “medidas severas” contra os agentes envolvidos em maus-tratos contra civis. “Queremos ver a população orgulhosa do trabalho da sua Polícia, cuja missão principal é protegê-la”, declarou.

Na ocasião, o comandante-geral da Polícia de Moçambique anunciou que a UIR será retirada da vila de Macomia e colocada em posições avançadas próximas da linha de combate.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterroriza­da desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações (OIM), e pelo menos 4 mil mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.

Desde Julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamen­tais, com o apoio do Rwanda e da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas, onde havia presença de rebeldes.

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DR Comandante-geral da Polícia moçambican­a promete punir agentes acusados de excessos contra civis

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