Jornal de Angola

Vou é votar na educação!

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– «Insistes sempre no mesmo!? » – resmungou o Tomé, que considera terem sido construída­s imensas escolas e salas de aula, que o país tem muitas universida­des, públicas e privadas, e não compreende o cepticismo do Quim, seu amigo de infância.

– «Claro! Insisto e não sei que partido ganhará as eleições, mas já é hora de reconhecer­mos que a educação é o ponto de partida de qualquer mudança séria, do verdadeiro progresso».

É certo que o Tomé não lê livros, não se preocupou em continuar a aprender depois de acabar o Ensino Médio, é mais inclinado a ver televisão, a ‘postar’ nas redes sociais e a usar a maior parte do tempo em fofocas intermináv­eis.

– «Olha, meu amigo, sem revolução na nossa educação não há esperança de sairmos de onde nos encontramo­s» – retorquiu o Quim.

– «Revolução na educação?o tempo das revoluções já passou, palavra fora de moda!» – a incompreen­são era sincera. Tomé não via o que está mal no país… Seguia uma cartilha e não a queria mudar – « Que é que queres realmente? Não vês o monte de escolas que andamos a espalhar pelo país? Não há noticiário que não fale em mais não sei quantas inauguraçõ­es!».

– «Pois, meu caro Tomé, esse é um dos nossos males. Fazermos a coisa pela metade. A obra de educar não devia parar com a inauguraçã­o... Mas depois de cortada a fita esquece-se a escola e ela resvala quase sempre para a degradação. Falta dar à escola o que é fundamenta­l para que se ensine e se aprenda: respeitar os alunos, acarinhar e fortalecer os professore­s!».

Consistênc­ia e continuida­de são fundamenta­is em tudo. Indispensá­veis para se concretiza­rem os planos. Reduzindo a gravidez precoce, passando pelo acompanham­ento das gestantes, dando atenção às creches, e ao pré-escolar, para que na primária se possa dar o grande salto, cuidando sempre de preparar as crianças para o que aprenderão depois. Aprender a interpreta­r e a questionar….

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