A nossa saúde
Tudo começa ou passa invariavelmente pela saúde, sendo considerado como o maior activo que o ser humano deve possuir, razão pela qual importa que sejam criadas as condições para a sua efectivação na sociedade e com todos os cidadãos.
É verdade que do ponto de vista da efectivação da famosa máxima latina “mens sana in corpore sano”, derivada da Sátira X do poeta Juvenal, estamos ainda longe da sua materialização, atendendo aos desafios económicos, sociais e até culturais. Mas há um grande esforço da parte das instituições do Estado para que gradualmente as condições sejam criadas para dar resposta ao lado institucional, hospitalar e sanitário de todas as componentes ligadas à saúde humana.
O Executivo está a dar mostras claras do seu engajamento para responder à crescente procura pelos serviços médicos, diligências que deverão ser complementadas de outras, por parte da classe médica e auxiliares, bem como das famílias, para o bem do funcionamento de toda a cadeia. Não basta que se inaugurem numerosos hospitais e unidades sanitárias em todos os cantos, se os funcionários e utentes não estiverem imbuídos do espírito de entrega profissional e sentido de urgência na hora de recorrerem a tais serviços.
Para o primeiro caso, no que diz respeito ao profissionalismo dos técnicos de Saúde que, como se sabe, está também condicionado às condições de trabalho, remuneratórias e outras, trata-se de um processo longo, complexo, mas que tem sido passível de se encontrar soluções.
Saudamos a abertura que existe para o diálogo entre as entidades governamentais e os representantes das classes de médicos, enfermeiros e auxiliares que, independentemente do extremar de posições, acabam sempre por encontrar vias negociais a contento das partes. Para o segundo caso, ligado à forma como as famílias encaram a ida aos hospitais, não há dúvidas de que se trata igualmente de um processo longo e complexo na medida em que, regra geral, as famílias levam tardiamente os entes às unidades sanitárias. Parte significativa dos utentes vão para as unidades sanitárias já em fase terminal, realidade que precisa de mudar para dar lugar a um novo procedimento.
Vale a pena ganharmos consciência de que a ida aos hospitais deve deixar de obedecer ao velho paradigma que leva as pessoas a ir às unidades hospitalares apenas em casos extremos. Mesmo quando a experiência ensina-nos de que a doença é mais fácil de tratar aos primeiros sintomas, boa parte dos utentes de serviços hospitalares continua a preferir colocar em segundo ou terceiro lugar os hospitais ou postos de enfermagem.
Outra aposta segura que se deve fazer nos próximos tempos, ainda no âmbito da saúde, passa pelos cuidados preventivos, que levará à outra mudança de mentalidade e procedimento quando se trata da ida ao hospital. É preferível que passemos a ir sãos ao hospital para, em jeito de rotina, nos certificarmos de que estamos, efectivamente, bem, em vez do acto oposto, ligado à ida apenas quando nos sentimos mal e, não raras vezes, quando estamos já mal de saúde.