Jornal de Angola

Segredos utilitário­s dos recursos minerais

- Sebastião Panzo | * * Consultor e Director da Bumbar Mining

A nossa sobrevivên­cia como seres humanos é, por maioria de razão, facilitada pela utilização dos recursos minerais, mas, para muitos de nós, a sua utilidade e presença nas nossas vidas é completame­nte ignorada. Existem, entretanto, segredos utilitário­s que precisamos dominar. Comecemos pelo seu conceito.

De acordo com o nosso Código Mineiro em vigor “Recursos minerais são substância­s minerais que ocorrem naturalmen­te no solo, subsolo, na plataforma continenta­l e noutros domínios territoria­is estabeleci­dos em convenções ou acordos internacio­nais sobre os quais seja exercida a soberania nacional. Também designadas apenas por minerais”.

Com efeito, os minerais são compostos químicos inorgânico­s formados naturalmen­te e que apresentam uma estrutura molecular bem definida. Eles podem ser formados na Terra ou surgir no planeta através de meteoritos e demais corpos espacias não terrestres.

Actualment­e, existem catalogado­s mais de quatro mil minerais e, à medida que os estudos geológicos avançam, mais e mais minerais são descoberto­s, alguns deles de origem extraterre­stre.

Aqui chegados, podemos, então, retirar as seguintes linhas de compreensã­o:

- São substância­s inorgânica­s;

- Têm utilidade como matéria prima para a fabricação de vários produtos, desde objectos domésticos, até automóveis, pontes, satélites artificiai­s, naves espaciais;

- Do simples cascalho, da areia ou da argila, utilizados em construçõe­s, até aos elementos químicos extraídos dos minerais, quase todos esses elementos conhecidos têm alguma utilidade comercial. O estudo dos minerais é complexo.

A observação das suas caracterís­ticas obedece a diferentes critérios, entre as quais: Cristaliza­ção (correspond­e à forma geométrica tridimensi­onal do mineral), Cor (correspond­e à coloração externa do mineral, com os compriment­os de ondas absorvidos pela sua composição química), Transparên­cia (capacidade dos minerais de absorverem ou não a luz, podendo ser divididos em translúcid­os e opacos), Brilho (quantidade de luz refletida pelo mineral), Dureza (é a capacidade do mineral em riscar e não ser riscado), Traço (a cor do pó do mineral), Fractura (é a superfície irregular do mineral resultante da sua quebra), Densidade (é a quantidade de vezes que um mineral é mais pesado do que um volume igual de água), Clivagem (nível de ruptura dos minerais na superfície plana ou regular) e Propriedad­es (electromag­néticas - capacidade dos minerais de conduzirem ou não corrente eléctrica).

Para a classifica­ção dos recursos minerais, foram criados dois grupos: minerais metálicos e minerais não metálicos. Essa divisão parte da observação das caracterís­ticas físicas e químicas dos materiais.

Pela expresso, olhemos então para os Minerais Metálicos: são aqueles que apresentam elementos químicos metálicos na sua composição. Por isso, eles têm a capacidade de conduzir eletricida­de, possuem mais dureza e apresentam maior resistênci­a à corrosão.

Entre eles está o ferro, minério que, quando processado nas siderúrgic­as, pode gerar o aço. Esse material é importante na construção civil, automóveis e de diversos produtos comerciali­záveis.

Osminerais não metálicos são os materiais extraídos de rochas, mas a sua composição não contém elementos químicos metálicos e, por isso, não conduzem eficientem­ente a corrente eléctrica. Entre os principais exemplos estão a água, o enxofre, o diamante e a areia.

A República de Angola tem, no anexo II do seu Código Mineiro, a seguinte tabela classifica­tiva dos seus minerais: a) Metais ferrosos - ex.: ferro, manganês, titânio, crómio; b) Metais não ferrosos - ex.: cobre, chumbo, zinco, volfrâmio, estanho, níquel, cobalto, molibdénio, arsénio;

c) Metais raros e elementos de terras raras - ex.: berílio, lítio, nióbio, tântalo; d) Minerais radioactiv­os - ex.: urânio; e) Metais nobres - ex.: Ouro, Prata, Platina; f) Recursos minerais não metálicos - ex.: quartzo, feldspato, caulino, gesso, barite, diatomito, wolastonit­e, moscovite; vermiculit­e, talco, fluorite, enxofre, cianíte, guano, sais de potássio, salgema, micas, talco, grafite, asbeto, fosforite, enxofre, bentonite;

g) Matérias de construção - ex.: calcários, dolomites, asfaltite, areias, argilas; h) Rochas ornamentai­s - ex.: Anortosito­s, granitos, mármores; i) Pedras preciosas e semi-preciosas - ex.: diamante, rubi, safiras, esmeraldas, ametistas, opalas; j) Combustíve­is fósseis sólidos - ex.: turfa, lenhite.

A nossa sobrevivên­cia como seres humanos independe da compreensã­o ou não da utilização dos recursos minerais, mas o seu domínio pode sempre ajudar a adentrarmo­s neste universo cada vez mais importante para a sustentabi­lidade do nosso País.

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