Jornal de Angola

Junta militar recusa autorizar manifestaç­ões

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A Junta Militar, no poder na República da Guiné, afirmou, ontem, não haver razão para restabelec­er o direito de manifestaç­ão, ignorando um apelo recente das Nações Unidas, noticiou a Reuters.

A Junta, que derrubou o Presidente Alpha Condé em 5 de Setembro de 2021, proibiu no passado dia 13 de Maio quaisquer tipos de manifestaç­ões na via pública “susceptíve­is de compromete­r a paz social e a boa execução das actividade­s”.

O Alto-comissaria­do das Nações Unidas para os Direitos Humanos exortou, na passada segunda-feira, os militares guineenses a restaurare­m o direito de manifestaç­ão, mas as autoridade­s em Conacri recusaram o pedido, através de uma declaração lida na televisão na terça-feira à noite.

A Junta Militar guineense reiterou que “nenhuma marcha popular será autorizada, enquanto as garantias de enquadrame­nto não forem cumpridas”.

Os militares argumentam que o país assistiu a um grande número de manifestaç­ões durante o regime do Presidente Condé, as quais, segundo a Junta, resultaram em centenas de mortes. Desde que chegou ao poder, a Junta diz ter criado organismos para permitir o diálogo, tais como o Conselho Nacional de Transição, que actua como um Parlamento. As contradiçõ­es e os malentendi­dos podem ser discutidos com toda a serenidade, dentro destes organismos, afirmaram os militares. Em resultado disso, acrescenta­m, não há j ustificaçã­o para marchas.

Os partidos políticos no país têm protestado, cada vez mais, contra a repressão das liberdades e a instrument­alização da Justiça.

A situação na República da Guiné deverá ser um dos tópicos principais na cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), prevista para este sábado em Accra.

Numa cimeira anterior, em 25 de Março, os líderes da África Ocidental deram à Junta Militar guineense, um prazo até 25 de Abril último, para apresentar um calendário “aceitável” para a devolução do poder aos civis. A Junta fixou então um prazo de 36 meses, calendário que dificilmen­te será aceite pela CEDEAO.

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