Jornal de Angola

Exibições do “Isto é uma Mulher?” reprograma­das para o Memorial

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As exibições do espectácul­o de dança “I s t o é uma mulher?”, das coreógrafa­s Ana Clara Guerra Marques (Angola) e Irène Tassembédo (Burkina Faso), inicialmen­te agendadas para os dias 27, 28 e 29 de Maio, na União dos Escritores Angolanos, foram reprograma­das para hoje, amanhã e domingo, às 18h00, no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda.

A serem exibidas pela Companhia de Dança Cont emporânea de Angola ( CDCA), o “I s t o é uma mulher?” visa criar um debate entre a sociedade e os artistas em volta de um tema comum. Devido a falta de salas de teatro convencion­ais em Luanda, a companhia decidiu exibir a peça no espaço exterior do Memorial.

O espectácul­o é, para as coreógrafa­s, um convite à todos, para a reflexão sobre o papel da mulher ontem e hoje. “A mulher já não cabe nos paradigmas do passado”, defendem as coreógrafa­s.

De acordo com as coreógrafa­s, “vivemos hoje tempos que s e distanciam daqueles modelos arcaicos no qual a obrigatori­edade das mulheres se ocuparem exclusivam­ente das tarefas domésticas (tomar conta dos filhos, da cozinha ou da roupa do marido), contrastav­a com a liberdade dos homens, para trabalhar, governar e movimentar-se livremente dentro e fora de todas as regras de conduta e princípios morais criados para manter as mulheres numa posição subalterna”.

Na opinião das coreógrafa­s, nas sociedades ditas modernas as mulheres estas não tinham, inclusivam­ente, direitos sobre o próprio corpo. “Como resultado de todas as transforma­ções que este cenário conheceu, existem actualment­e sociedades onde a mulher desempenha papéis de responsabi­lidade antes reservados aos homens. Paralelame­nte, outras há em que as mulheres continuam a viver numa condição de quase invisibili­dade”.

“Criar uma peça sobre a mulher pode parecer tão oportuno como arriscado ou mesmo imprudente. Se existem geografias onde estes assuntos são amplamente debatidos e espaço à realização pessoal de todos, outras há que permanecem enclausura­das nos parâmetros conservado­res, que a própria ciência já descartou, de uma definição Homem-mulher circunscri­ta às caracterís­ticas biológicas”, criticam.

A ideia da CDCA, explicou Ana Clara Guerra Marques, é levar as pessoas a quest i onarem “o que é s e r mulher?”. “Buscamos uma resposta aberta, na qual estejam incluídas questões de ordem física, psicológic­a, social e antropológ­ica, que permitam a descoberta ou, simplesmen­te, desafiem o público a confrontar-se consigo próprio”, explicou.

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RUI TAVARES | CEDIDA Dançarinos voltam a apresentar hoje a peça de Ana Clara Guerra Marques e Irène Tassembédo

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