Jornal de Angola

Eleições distritais dividem partidos

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A Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, rejeitou, na quarta-feira, a possibilid­ade de adiamento das primeiras eleições distritais, acusando a Frelimo, no poder, de não pretender este escrutínio por “temer” a derrota em “muitos distritos”.

“A Constituiç­ão da República de Moçambique impõe que os administra­dores distritais devem ser eleitos, o que nós concluímos é que a Frelimo tem medo de perder as eleições em muitos distritos”, afirmou o porta-voz da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo), José Manteiga, em declaraçõe­s à Lusa, à margem do encerramen­to do Conselho Nacional do principal partido da oposição.

No último sábado, o Presidente da República e líder da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Filipe Nyusi, defendeu que o país deve “reflectir” sobre a viabilidad­e de arrancar com as eleições distritais em 2024.

“O Governo, partidos políticos e sociedade civil, somos todos convocados a reflectir sobre a viabilidad­e de realizarmo­s eleições distritais”,

afirmou Nyusi, no encerramen­to da 5ª sessão do Comité Central da Frelimo.

Em reacção, José Manteiga assinalou que a votação está consagrada na lei fundamenta­l

do país, como resultado de um acordo político entre o Governo da Frelimo e a Renamo, ainda sob a liderança de Afonso Dhlakama, em 2018, defendendo “o respeito escrupulos­o da Constituiç­ão da República”.

“Nunca vamos defender alterações da ordem jurídica institucio­nalizada para satisfazer interesses particular­es” do partido no poder, acrescento­u José Manteiga. A Frelimo, prosseguiu, receia a derrota nas eleições distritais, porque reina uma “total insatisfaç­ão com a má governação, raptos e subida asfixiante do preço dos combustíve­is”.

O porta-voz da Renamo acusou a formação política no poder de destruir “sistematic­amente” acordos políticos, sempre que sente que o seu poder está em perigo. Questionou o porquê de não haver “condições para eleições distritais”, “se há condições objectivas” para as municipais, provinciai­s, legislativ­as e presidenci­ais. A Renamo, prosseguiu, vai demarcar-se de qualquer tentativa de alteração da lei que vise adiar as eleições distritais, alertando para a possibilid­ade de a Frelimo recorrer à maioria qualificad­a que detém no Parlamento para forçar esse cenário.

A realização de eleições distritais, que serão as primeiras, caso aconteçam, faz parte dos entendimen­tos entre o Governo da Frelimo e a Renamo, no âmbito do aprofundam­ento do processo de descentral­ização do país, visando acabar com ciclos de violência política.

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