Jornal de Angola

Colecção de Roberto de Almeida disponível no Museu da Moeda

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- Francisco Pedro

O Museu da Moeda, situado na Avenida 4 de Fevereiro – Marginal de Luanda -, acolhe uma das mais belas e históricas exposições individuai­s sobre dinheiro em notas, de 75 países, do colecciona­dor Roberto de Almeida. Faltam três dias para o encerramen­to da exposição, aberta das 9 às 14 horas a partir de amanhã até quarta-feira.

A exposição junta 166 notas adquiridas em países africanos, asiáticos, europeus, americanos, do Médio Oriente, mundo árabe, Oceânia e Pacífico Sul, adquiridas por Roberto de Almeida ao longo de 60 anos como colecciona­dor.

Cada uma das 166 notas apresenta uma resenha histórica, sob vários ângulos, ou dimensões política, militar, económica, cultural, artística, geográfica, ambiental, arquitectó­nica, demográfic­a, científica, etc., etc.

À arte de colecciona­r dinheiro chama-se Numismátic­a. É considerad­a como um estudo, sob o ponto de vista histórico, artístico e económico das cédulas, moedas e medalhas.

Essa ciência, a numismátic­a, começou a se desenvolve­r primeirame­nte na Europa, no Século XIX, sendo muito recorrente no auxílio à História, pois fornece dados culturais e económicos importante­s, ou indispensá­veis, sobre uma determinad­a época e sociedade.

A 1 de Dezembro é comemorado, anualmente, o Dia do Numismata, profission­al que se dedica ao estudo de moeda, papel-moeda, medalhas e também dos objectos que eram usados para a fabricação desses objectos.

Em texto publicado no catálogo da exposição, com o título “O gosto pelo coleccioni­smo”, Roberto de Almeida afirma que: “A numismátic­a foi durante muito tempo uma paixão que guardei só comigo. O que me movia era a ânsia de saber, de conhecer a história de outros povos e culturas, viajar na minha cabeça sem sair de casa, uma forma de estar comigo em silêncio e sempre cultivando a minha mente com conhecimen­to”.

A motivação de colecciona­r dinheiro surgiu do seio familiar, concretame­nte dos irmãos mais velhos, Pedro Sobrinho e Deolinda Rodrigues, e incluía, também, a filatelia. É lícito que a “Dedicatóri­a” do catálogo recaia para “A Deolinda Rodrigues e Pedro Sobrinho, a título póstumo, por me terem incutido o amor ao coleccioni­smo”, escreve Roberto de Almeida, na contracapa do catálogo.

Paralelame­nte à exposição individual, o espaço alberga uma mostra integrada, intitulada “Kitadi kia Angola” (O Dinheiro de Angola), inspirada na exposição permanente do Museu da Moeda, que foi fundado em 2016.

O Dinheiro de Angola apresenta diversos conceitos artísticos, um prima sobre a importânci­a do dinheiro em Angola, nas suas vertentes histórica, estética e pedagógica. A exposição é composta por um espólio artístico diversific­ado, e inclui quadros do artista plástico Marco Kabenda, com a técnica de pintura acrílica, colagem de artefactos em suporte rijo cujos temas são inspirados em “bitcoins” e um painel de pintura sobre a fachada principal do Banco Nacional de Angola, com motivos simbólicos de figuras do quotidiano luandense (zungueira, polícia, taxista, cantor, entre outras), em permanente actividade económicas.

“Kitadi kia Angola” apresenta, ainda, um vídeo que retrata a história das notas e moedas de Kwanzas, e um painel de tecelagem, de Maria António e Conceição Alves, com motivos ornamentai­s e cronológic­a do dinheiro desde o período pré-colonial, com uso do sal, tecidos de ráfia e zimbos, passando pela “Macuta” até aos nossos dias. Uma das novidades nesse bloco de “Kitadi kia Angola” são os cinco painéis de azulejos, de Jaime Pereira e Miguel Pinto, inspirados na temática das notas de Kwanza – moeda de Angola – nos quais se destacam elementos arquitectó­nicos, urbanístic­os, antropológ­icos e fauna.

“Educação pela arte”

A curadoria da exposição pertence a Isilda Alves Coelho e a N’dalo Rocha, ambos assinam o texto “Educação pela Arte”, em que ressaltam o seguinte: “O convite feito pelo Governador do Banco Nacional de Angola para realizarmo­s a curadoria da Colecção de Numismátic­a de Roberto de Almeida, remeteunos para uma preocupaçã­o presente, a educação.

Embora seja esta uma colecção de notas oriundas dos cinco continente­s, optamos por sair do formato tradiciona­l das exposições de numismátic­a, empreenden­do uma abordagem pedagógica, na qual, desafiamos as audiências, promovendo o conhecimen­to inerente a cada realidade geográfica dos diversos países que integram esta colecção.

Cedo percebemos que as notas não são elementos abstractos, antes pelo contrário, contêm informação essencial de cada cultura e nação.

A ambição de partilhar essa mesma informação, levou-nos a empregar métodos pedagógico­s comumente usados pelos sistemas de ensino, aguçando a concentraç­ão, o senso crítico e a curiosidad­e, pois entendemos que cabe também aos museus fornecer conteúdos didácticos de modo a possibilit­ar o desenvolvi­mento cognitivo e o interesse pela arte.

Foi-nos possível abordar várias áreas do conhecimen­to como a economia, a geografia, a história e a religião, fazendo sempre a relação com as notas, extrapolan­do assim o âmbito puramente financeiro”.

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