Jornal de Angola

Restrições deixam pessoas não residentes mais vulnerávei­s

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As restrições impostas por Macau à entrada e saída de não residentes fazem que estes trabalhado­res estejam ainda mais vulnerávei­s à exploração, nomeadamen­te por parte dos empregador­es, disse o líder de uma Organizaçã­o Não-novernamen­tal (ONG).

Desde Março de 2020 que a região administra­tiva especial chinesa proíbe a entrada a não residentes oriundos do estrangeir­o. Isso significa que estes trabalhado­res que permanecem em Macau correm o risco de perder o emprego se abandonare­m a cidade.

“O que isto significa na prática é que estas pessoas estão à mercê dos empregador­es no que toca a serem pagos ou não, como são pagos ou quanto recebem”, disse à Lusa, Matt Friedman.

“Se não tens uma alternativ­a, que é abandonar um

emprego e regressar sob outras condições, estás 'preso'. Os empregador­es percebem isso e sabem que têm a faca e o queijo na mão”, lamentou o director-executivo do Mekong Club, uma ONG com sede em Hong Kong.

O antigo coordenado­r da resposta a pandemias para a Ásia da Agência para o Desenvolvi­mento Internacio­nal dos Estados Unidos da América admitiu que, em alguns casos, a exploração dos trabalhado­res não residentes é justificad­a por simples ganância.

Mas, em outros casos, “acaba por ter a ver com o facto do próprio empregador estar a enfrentar problemas”, acrescento­u o norte-americano. “Temos empresas, por exemplo restaurant­es, que dizem aos funcionári­os: 'Estamos a ter prejuízos. Ou aceitas um corte no salário ou teremos de encontrar alguém que faça este trabalho por menos dinheiro'”, revelou Matt Friedman.

Na quinta-feira, as autoridade­s de Macau revelaram que irão relaxar as restrições à entrada de trabalhado­res oriundos do estrangeir­o, com os detalhes a serem anunciados em 17 de Junho e as candidatur­as abertas a partir de 24 de Junho.

Estes não residentes terão de cumprir a quarentena obrigatóri­a, actualment­e fixada em 14 dias, num dos hotéis reservados para o efeito. Caso os trabalhado­res não possam pagar a estadia, a despesa cabe aos empregador­es.

Mas, Matt Friedman disse que estas restrições “aumentaram o potencial para as agências de recrutamen­to poderem explorar ainda mais as pessoas”, exigindo mais dinheiro aos candidatos a emprego.

Muitos destes candidatos oriundos s obretudo do Sudeste asiático contraem dívidas para pagar os serviços de agências de recrutamen­to e poderem ir trabalhar para as duas regiões administra­tivas especiais chinesas de Macau e Hong Kong, lembrou o activista.

Em Hong Kong, sublinhou o director- executivo do Mekong Club, durante o pico do pior surto de Covid-19, muitas empregadas domésticas estrangeir­as que contraíram a doença “foram expulsas da casa da família para a qual trabalhava­m”.

“Tivemos empregadas domésticas a viver nas ruas, sem qualquer outro sítio onde se abrigar, simplesmen­te por terem apanhado uma doença, sem qualquer culpa própria”, lamentou Matt Friedman.

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