Residentes em fuga relatam mais duas mortes
Um grupo armado desconhecido matou mais duas pessoas no Norte de Moçambique, numa aldeia a 70 quilómetros de Pemba, agravando os receios na faixa sul da província de Cabo Delgado, relataram, ontem, residentes e líderes locais.
Suspeita-se que os agressores pertençam à insurgência armada que atinge a região desde 2017 e que há uma semana tem atacado civis numa área até agora considerada segura, abrigando milhares de deslocados.
De acordo com testemunhos, os rebeldes atacaram, na tarde de sábado, um grupo de habitantes que serrava madeira numa zona de mato na comunidade de Ntutupue.
"Mataram duas pessoas", disse um líder local que acompanhava residentes em fuga para a localidade de Silva Macua, nome pelo qual é também conhecida a povoação de Sunate - um dos entroncamentos mais importantes na estrada nacional 1 (EN1), a 80 quilómetros de Pemba, capital provincial, o equivalente a cerca de uma hora de viagem por estrada.
Depois de fugirem das suas terras, vários habitantes de Ntutupue preparavamse para viajar para a província de Nampula, a sul, devido aos receios provocados pela insegurança.
Além dos mortos, houve dois sobreviventes que dizem ter sido poupados pelos agressores, relatou um deles, já na companhia de um dos responsáveis comunitários.
"Eles mataram os dois cristãos e deixaram-nos, muçulmanos, sobreviver, alegando que é o que eles são e que gostariam de ver todas as pessoas a professar a mesma religião", disse.
Apesar de referências pontuais, as diferenças religiosas nunca foram identificadas como raiz da insurgência que dura há quatro anos e meio.
Um residente de outra povoação refere que a população socorreu no sábado um camponês da aldeia de Miguel, marcado por agressores com golpes de catana nos braços como aviso para o resto da população.
"Disseram-lhe para ir dizer à comunidade que eles estão por ali", referiu.
Apesar das tentativas, não foi possível obter esclarecimentos junto das autoridades moçambicanas.