Pequim vai “lutar” contra independência de Taiwan
A declaração soa como uma resposta ao pronunciamento do secretário da Defesa dos EUA quando afirmou que "há uma actividade militar provocadora e desestabilizadora perto de Taiwan"
A China "lutará até ao fim" para impedir que Taiwan declare a independência, garantiu, ontem, o ministro da Defesa da China, à medida que crescem as tensões entre Pequim e Washington sobre o destino da ilha.
A declaração soa como uma resposta ao que, no dia anterior, o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, afirmou quando denunciou a actividade militar "provocadora e desestabilizadora" de Pequim perto de Taiwan.
A disputa verbal entre as duas superpotências ocorre num contexto de fortes tensões diplomáticas sobre a ilha autónoma e democrática, que Pequim considera parte integrante do seu território.
As incursões sem precedentes de aviões militares chineses na zona de defesa aérea de Taiwan fizeram subir a tensão nos últimos meses.
"Lutaremos a todo custo e lutaremos até ao fim. Esta é a única opção para a China", disse Wei Fenghe em tom ofensivo durante o fórum de segurança Diálogo Shangri-la.
"Os que buscam a independência de Taiwan com o objectivo de dividir a China certamente não alcançarão objectivos", disse o governante chinês, que acrescentou: "Ninguém deve subestimar a determinação e a capacidade das Forças Armadas da China de salvaguardar sua integridade territorial". Wei exortou Washington a "parar de denegrir e restringir a China, a deixar de interferir nos assuntos internos da China ". Mas Wei Fenghe também foi conciliador nas suas declarações, ao pedir uma relação "estável" entre a China e os EUA, que considerou ser "vital para a paz mundial".
Durante o seu discurso no mesmo fórum, Austin denunciou no sábado a actividade militar "provocadora e desestabilizadora" da China perto de Taiwan, um dia após um aviso firme de Pequim.
"Estamos a ver uma coerção crescente de Pequim. Temos visto um aumento contínuo na actividade militar provocadora e desestabilizadora perto de Taiwan", disse o chefe do Pentágono.
Austin também enfatizou a importância de manter "linhas abertas de comunicação com as autoridades de defesa da China" para evitar erros de cálculo.
Os dois governantes tiveram na sexta-feira a primeira conversa presencial à margem do fórum de Singapura.
A China considera Taiwan, uma ilha com 24 milhões de habitantes, como uma das suas províncias históricas que pretende retomar à força, se necessário.
O porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Wei Fenghe, disse, sexta-feira, durante o encontro com Lloyd Austin que "se alguém ousasse separar Taiwan da China, o Exército chinês não hesitaria um momento em iniciar uma guerra, custe o que custar".
Pequim "esmagaria" qualquer tentativa de independência, alertou o Ministério da Defesa chinês.
Pelo seu lado, Austin disse a Wei que Pequim deveria "abster-se" de qualquer acção desestabilizadora na região, segundo o Pentágono.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan respondeu, sábado, dizendo que rejeitava as "alegações absurdas" de Pequim.
Em Abril, durante uma visita ao Japão, o Presidente dos EUA, Joe Biden, pareceu romper com décadas de política dos EUA quando, em resposta a uma pergunta, disse que Washington defenderia militarmente Taiwan se a ilha fosse atacada pela China.
Desde então, a Casa Branca insistiu que a sua política de "ambiguidade estratégica" sobre uma possível intervenção não mudou.
Analistas disseram que o facto de Austin e Wei se encontrarem pessoalmente é um pequeno sinal de esperança.
"Ninguém deve subestimar a determinação e a capacidade das Forças Armadas da China de salvaguardar sua integridade territorial"