Jornal de Angola

Restos mortais de Nito, Sianouk e Monstro Imortal no Alto das Cruzes

Os parentes exaltaram as qualidades dos entes queridos, consideran­do-os “grandes” chefes de famílias, comandante­s destemidos e diplomatas de bons ofícios

- Mazarino Cunha

Os restos mortais de Alves Bernardo Baptista ( Nito Alves), Jacob João Caetano (Monstro Imortal), Arsénio José Lourenço Mesquita (Sianouk) e Ilídio Ramalhete Gonçalves foram enterrados, ontem, no Cemitério Alto das Cruzes, em Luanda.

Num ambiente de angústia para as viúvas, filhos, irmãos, tios, sobrinhos, amigos e conhecidos foi lido, pelo tenente-general António de Jesus Fernandes, o elogio fúnebre dos quatro nacionalis­tas falecidos nos acontecime­ntos de 27 de Maio de 1977.

António Fernandes referiu que Nito Alves, Monstro Imortal, Sianouk e Ilídio Ramalhete foram patriotas destemidos na luta pela liberdade de Angola.

“Os quatro heróis que hoje sepultamos, além de nacionalis­tas corajosos, também foram pais que, em pouco tempo, conseguira­m transmitir às famílias, companheir­os e amigos os valores da angolanida­de e do patriotism­o”, destacou.

Neste 13 de Junho de 2022, referiu António Fernandes, quis o destino que após 45 anos no Quartel-general do Exército que todos prestassem a última homenagem aos quatro filhos de Angola, tombados por ocasião dos acontecime­ntos do 27 de Maio de 1977.

Nito Alves, lembrou o tenente-general, nasceu a 23 de Julho de 1945, na aldeia do Piri, província do Bengo. Foi ministro da Administra­ção

Interna da República Popular de Angola e pertenceu à primeira região político-militar do MPLA nos Dembos.

Por sua vez, Jacob João Caetano “Monstro Imortal” nasceu em 1941, também na aldeia do Piri, Bengo, tendo sido um dos primeiros militantes do MPLA enviado à antiga República da Checoslová­quia, onde recebeu instrução militar.

O nome Monstro Imortal, explicou, resulta do carácter decisivo manifestad­o em várias batalhas entre 1963 e 1970. Jacob João Caetano chegou a ser chefe do EstadoMaio­r General das EX-FAPLA.

Já Ilídio Ramalhete Gonçalves, nascido a 14 de Abril de 1954, no então município do Rangel, em Luanda, foi um oficial operativo. Morreu nos acontecime­ntos de 27 de Maio com apenas 23 anos de idade.

Fundação 27 de Maio

O presidente da Fundação 27 de Maio, Silva Mateus, reconheceu o empenho do Presidente da República na concretiza­ção de um processo que há mais de 40 anos parecia estar totalmente apagado, que agora se resume num símbolo de coragem e reconcilia­ção nacional.

Silva Mateus disse que agora é o momento de os entes-queridos olharem para o futuro visando a construção de uma nação, onde todos os filhos se reencontra­m no espírito de paz, da reconcilia­ção e progresso nos domínios da vida política, social e cultural.

Os parentes das vítimas exaltaram as qualidades dos entes-queridos, consideran­do-os “grandes” chefes de famílias, comandante­s destemidos e diplomatas de bons ofícios.

A cerimónia de homenagem aos quatro nacionalis­tas contou com a presença do ministro de Estado e chefe da Casa Militar, Francisco Furtado, do Interior (Eugénio Laborinho), da Justiça e dos Direitos Humanos (Francisco Queiroz), das Telecomuni­cações, Tecnologia­s de Informação e Comunicaçã­o Social (Manuel Homem) e distintos responsáve­is dos Órgãos de Defesa e Segurança Nacional.

“Os quatro heróis que hoje sepultamos, além de nacionalis­tas corajosos, foram pais que, em pouco tempo, conseguira­m transmitir às famílias, companheir­os e amigos os valores da angolanida­de e do patriotism­o”

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Urnas contendo as ossadas dos quatro nacionalis­tas foram ontem a enterrar num ambiente de angústia para os familiares

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