Discriminação inclui rejeição de relação amorosa

A discriminação de que são alvos as pessoas com albinismo, a nível da província do Zaire, inclui a rejeição para manter relações amorosas com outras de pele escura, denunciou, ontem, em Mbanza Kongo, o coordenador da comissão instaladora da associação local de albinos.

Pedro Nfuambuta “Piter”, que falava ao Jornal de Angola, por ocasião do Dia Mundial de Consciencialização sobre o Albinismo, l amentou ainda que os albinos sejam acusados de possuírem “poderes sobrenaturais”.

Piter sublinhou, entretanto, que a escolha do cônjuge constitui uma das mais dolorosas formas de discriminação dos albinos.

“A sociedade não pode continuar a excluir os albinos, porque a nossa condição humana advém de uma situação natural, não por escolha própria. Muitas pessoas têm pensamentos errados sobre os albinos. Uns por falta de informação, acusam-nos de sermos feiticeiros pela diferença na tonalidade da nossa pele”, lamentou.

O menino Eduardo Morgado, 13 anos, aluno da 6ª classe da escola do ensino especial, no bairro 11 de Novembro, contou, ao Jornal de Angola, que a discriminação que tem sido alvo por parte da vizinhança levam-no a fechar-se no interior da sua casa.

“Eu só saio para situações extremamente necessárias, como ir à escola, onde, felizmente, não tenho sido discriminado pelos colegas. Mas no meu bairro não consigo ter amigos, por preconceitos”, contou.

Eduardo Morgado é gémeo e a irmã também é albina. Eduardo pensa formar-se em Medicina, para no futuro, dedicar-se ao tratamento de doenças relacionadas com o albinismo.

“Eu quero ser médico para poder ajudar os outros albinos no acesso aos cuidados médico e medicamentoso. Hoje, nem sempre conseguimos medicamentos que nos protegem dos raios solares. Todavia, somos obrigados a enfrentar este mal, porque temos, por exemplo, que ir à escola”, acrescentou.

Pedro Nfuambuta “Piter” informou que está em curso, na província do Zaire, o processo para a unificação dos albinos numa associação. O objectivo principal é lutarem contra a discriminação de que são alvos.