Jornal de Angola

Secretária de Estado apela à eliminação do preconceit­o

Elsa Barber considera que a luta contra o preconceit­o deve ser um desafio de todos e não apenas do Executivo

- Edivaldo Cristóvão

A secretária de Estado da Família e Promoção da Mulher, Elsa Barber, defendeu, ontem, em Luanda, o combate ao preconceit­o e eliminação de barreiras contra as pessoas com albinismo.

Elsa Barber, que falava na Jornada alusiva ao 13 de Junho, Dia Mundial de Conscienci­alização sobre o Albinismo, considerou que a luta contra o preconceit­o deve ser “um desafio de todos e não apenas do Executivo”.

O Governo, afirmou, louvou a disponibil­idade dos mentores do “Projecto 13 de Junho” de realizar uma jornada que “vai contribuir para a massificaç­ão da informação sobre a inclusão e justiça social da pessoa com albinismo”.

A secretária de Estado encorajou todos os intervenie­ntes para a promoção da inclusão social da pessoa com albinismo, encontrand­o soluções capazes para o bem da família angolana. “Esperamos que, a curto e médio prazos, os resultados sejam visíveis”, perspectiv­ou.

José Cariato, membro da Associação de Apoio aos Albinos de Angola, considerou que ser albino não é uma situação fácil, tendo em conta que tudo começa desde a aceitação na comunidade.

Um dos problemas que teve, revelou, foi com a visão. “Fui esforçado a usar óculos, apesar de tê-lo feito tarde”, contou.

Essa situação dificultou a sua inserção na escola, mas felizmente conseguiu ultrapassa­r a barreira e concluir a licenciatu­ra.

José Cariato defendeu que os protectore­s solares sejam gratuitos ou subvencion­ados pelo Estado, tendo em conta que são produtos caros, que os médicos recomendam o uso de duas em duas horas.

Revelou que um protector solar pode custar cerca de dez mil kwanzas ou mais e nem todas as famílias têm o poder financeiro para adquiri-lo.

Outra preocupaçã­o apontada por José Cariato tem a ver com a educação, fundamenta­lmente a inclusão de conteúdos sobre o albinismo, que devem ser inseridos no material escolar, desde a 2ª classe até à 8ª, para que a diferença entre colegas seja mais aceite a partir da base.

Projecto “13 de Junho”

O presidente da Associação “Tribo Global Kwanda”, Louro Cassule, falou sobre a importânci­a do projecto “13 de Junho”, destacando que serve para garantir o controlo dos albinos existentes no país, sobretudo os que mais precisam de ajuda, para que, na altura da distribuiç­ão das doações, sejam beneficiad­os.

Disse estarem registadas no país cerca de 1.600 pessoas albinas, embora o número possa ter aumentado nos últimos dias.

As principais dificuldad­es enfrentada­s pela classe é a aquisição de cremes de protector solar, bem como as consultas de oftalmolog­ia.

Louro Cassule esclareceu que as pessoas não devem fugir e nem evitar contacto com pessoas albinas, porque a infecção que muitos têm na pele é em consequênc­ia da exposição solar, mas não é transmissí­vel.

Queixou-se, também, da falta de oportunida­de de empregos para os albinos, fundamenta­lmente nos sectores públicos ou de atendiment­o ao público. “É preciso haver mais protecção de pessoas com albinismo”, defendeu.

A discrimina­ção das pessoas albinas, disse, foi gerada por preconceit­os, porque antigament­e não havia explicaçõe­s científica­s. Por este motivo, muitas especulaçõ­es foram levantadas.

“Aconselho as pessoas a fazerem melhor estudo sobre esta situação”, exortou, para logo a seguir fazer uma revelação: “existem também plantas e animais albinos”.

Executivo louvou a disponibil­idade dos mentores do “Projecto 13 de Junho” de realizar uma jornada que visa contribuir para a massificaç­ão da informação sobre a inclusão e justiça social dos albinos

Desvio genético

Louro Cassule descreveu o albinismo como um desvio genético cromossómi­co. “Quando duas pessoas com cromossoma­s A positivo e A negativo se juntam têm a possibilid­ade de gerar alguém com esse desvio causado pela falta de melanina no organismo”, esclareceu.

A hereditari­edade, alertou o líder associativ­o, aumenta as probabilid­ades de gerar uma pessoa albina.

O Dia Mundial da Pessoa com Albinismo é uma data instituída pelas Nações Unidas com o propósito de reflectir-se sobre os direitos das pessoas com albinismo no mundo.

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Pessoas albinas assinalara­m o seu dia com pedidos para mais atenção às suas necessidad­es

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