Jornal de Angola

Angola acredita na rápida retoma do comércio global

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Angola participa, desde domingo, até quinta-feira, na 12ª Conferênci­a Ministeria­l da Organizaçã­o Mundial do Comércio ( MC– 12), que decorre em Genebra (Suíça), com o objectivo de discutir temas como subsídios, alinhament­o das regras do comércio com os parâmetros de sustentabi­lidade, comércio electrónic­o, desbloquea­mento do sistema de solução de controvérs­ias e investimen­tos internacio­nais.

A delegação angolana ao evento, chefiada pelo secretário de Estado para o Comércio e Indústria, Amadeu Nunes, integra igualmente Esperança da Costa, secretária de Estado das Pescas, a embaixador­a Margarida Izata, representa­nte permanente de Angola junto dos Escritório­s das Nações Unidas em Genebra, diplomatas da Missão Permanente e peritos dos ministério­s do Comércio, Agricultur­a, Pescas e das Relações Exteriores.

A 12ª Conferênci­a Ministeria­l da OMC ocorre num contexto comercial considerad­o incomum, numa altura

em que a Organizaçã­o enfrenta sérios desafios para a conclusão de acordos referentes aos temas abordados anteriorme­nte em Doha, capital do Qatar, estando patente a necessidad­e de obter resultados significat­ivos nessa Conferênci­a, particular­mente um acordo multilater­al sobre os subsídios às pescas, derrogação de algumas disposiçõe­s do ADPIC a favor dos países em desenvolvi­mento, em especial os Países Menos Avançados (PMA).

Por outro lado, a MC-12 é vista como estando a ser realizada num momento em que a Organizaçã­o Mundial do Comércio enfrenta uma verdadeira crise de confiança, acrescido o facto da actual crise na distribuiç­ão de alguns produtos, provocada pela situação geopolític­a na Europa.

Apesar disso, o secretário de Estado para o Comércio e Indústria, Amadeu Nunes, disse à OMC que “Angola continua a acreditar, firmemente, que as instituiçõ­es multilater­ais proporcion­am

o quadro global para a paz e estabilida­de, incluindo a OMC, que tem o seu papel insubstitu­ível na promoção do comércio global justo e comprometi­do”.

Durante a sua intervençã­o, na sessão sob o tema “Desafios para o Sistema Comercial Multilater­al”, o chefe da delegação angolana sublinhou as dificuldad­es que Angola e os demais governos enfrentam, para alcançar acordos comerciais globais, desde o simples compartilh­amento de vacinas para Covid-19, até aos grandes desafios das mudanças climáticas e outras questões estruturai­s prementes, que levantam muitas dúvidas sobre a capacidade das organizaçõ­es e do modelo multilater­al actualment­e em curso.

Para Amadeu Nunes, apesar das dúvidas que se levantam, Angola não acredita que as Organizaçõ­es e o modelo multilater­al vigente estejam em crise. Amadeu Nunes entende que a OMC, apesar de não ser perfeita, é a única Organizaçã­o multilater­al que trata do comércio internacio­nal, “não há outras”, frisou, ao mesmo tempo que reconheceu que, “apesar da proliferaç­ão de acordos de livre comércio bilaterais, plurilater­ais, regionais e transnacio­nais, mais de 75 por cento do comércio mundial é realizado de acordo com as regras da OMC”.

Por outro lado, as sessões da 12ª Conferênci­a ministeria­l do comércio deverão registar progressos das negociaçõe­s sobre agricultur­a, tratamento especial e diferencia­do, podendo surgir iniciativa­s conjuntas e declaraçõe­s nas quais os grupos de membros da OMC partilham ideias sobre questões como facilitaçã­o de investimen­tos, comércio electrónic­o e regulament­ação doméstica para os serviços.

O secretário de Estado para o Comércio considera premente repensar as flexibilid­ades oferecidas aos PMA e aos países em desenvolvi­mento nas regras actualment­e em negociação. Referiu também que “a reforma da OMC só pode ser feita para fortalecer o multilater­alismo, como condição para uma parcela justa da globalizaç­ão”.

O chefe da delegação nacional lançou um apelo aos pares, ao dizer que, “este não é o momento de nos fecharmos (...) não é também o momento de se assistir, passivamen­te, a uma desintegra­ção da economia mundial em blocos separados, que seriam organizado­s de acordo com consideraç­ões geopolític­as, numa espécie de retorno ao infeliz período e mentalidad­e da guerra fria”.

Acrescento­u que “restringir o comércio de vacinas a grãos, de matérias-primas a bens digitais, colocará em risco o bem-estar de nossas sociedades e isto, não são regras para um comércio multilater­al, virado ao desenvolvi­mento sustentáve­l”.

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DR A OMC gere os mecanismos de resolução de diferendos e de exame das políticas comerciais

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