Confrontos entre tribos fazem mais de 100 mortos
Darfur é palco violência inter-comunitárias, apesar do Acordo de Paz de Outubro de 2020 entre vários grupos rebeldes, que visou acabar com os combates que eclodiram em 2003
Mais de 100 pessoas morreram, ontem, no Oeste do Sudão, em confrontos entre várias tribos, segundo um líder tribal, revelou a France Press (AFP).
"Os confrontos causaram a morte de centenas de pessoas e 14 aldeias foram incendiadas na região de Kolbus, no Oeste de Darfur", disse à AFP Ibrahim Hachem, líder da tribo Gimir, que acrescentou que os confrontos opuseram elementos da sua tribo aos árabes Rizeigat.
A região de Darfur é palco violência inter-comunitária, apesar do Acordo de Paz de Outubro de 2020 com vários grupos rebeldes, que visou acabar com os combates que eclodiram em 2003, que provocaram pelo menos 300.000 mortos e mais de 2,5 milhões de deslocados.
As autoridades militares do Sudão indicaram em Maio que os últimos confrontos inter-comunitários na área, que deixaram mais de 200 mortos, foram "planeados" por pessoas que "conspiram" contra o país.
O vice-presidente do Conselho Soberano de Transição, Mohamed Hamdan Dagalo, disse que os acontecimentos serão investigados "com transparência". O próprio Dagalo, popularmente conhecido como 'Hemedti', reconheceu em Maio o fracasso das autoridades perante a onda de violência, que teve o epicentro em Kereinik, mas também afectou a capital do Darfur Ocidental, El Geneina.
O ex-presidente Omar alBashir, - derrubado por um
golpe de Estado dos militares em abril de 2019 -, assim como outros altos funcionários durante o seu regime, são visados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes de guerra e crimes contra a Humanidade no quadro deste conflito.
Violência em Darfur faz centenas de mortos
Milícias da região Ocidental de Darfur, atacaram várias localidades, matando centenas de pessoas e provocaram milhares de deslocados, informou, ontem, o responsável local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados(acnur), Toby Harward.
"Relatórios credíveis que chegaram ao ACNUR no Sudão indicam um número alarmante de vítimas em Kulbus, Oeste de Darfur, depois que uma disputa de terras se ter transformado num ataque de milícias a várias aldeias", escreveu Toby Harward, na sua conta pessoal no Twitter.
Como resultado dessa escalada de violência, houve
"quase 100 mortes e milhares de deslocados em cidades vizinhas", acrescentou.
Toby Harward destacou a necessidade das Forças Conjuntas, criadas em Dezembro passado pelo Governo sudanês com membros do Exército regular e dos movimentos armados rebeldes, com os quais assinou um Acordo de Paz no ano passado, restaurarem a ordem na área e protegerem a população civil e que os líderes comunitários locais iniciem um diálogo.
Darfur, que viveu uma guerra civil de cariz étnico entre 2003 e 2008 com mais de 300.000 mortos e 1,8 milhão de deslocados e onde havia uma Missão de Paz da ONU até 31 de Dezembro de 2020, é palco de frequentes ataques de violência, principalmente devido a conflitos tribais. O coordenador do ACNUR na região alertou que se a violência continuar na área, "os agricultores não poderão plantar e a época agrícola ficará perdida", o que "será desastroso para todas as comunidades".
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alertou há alguns dias que mais de 10,9 milhões de sudaneses, cerca de 30% da população, sofrem de fome extrema.
A agência atribuiu esta situação, a pior da última dé
cada, aos conflitos armados internos, aos efeitos da Pandemia de Covid-19, à seca, às pragas e à instabilidade económica na região, e antecipou que poderá agravar-se pelos efeitos da guerra na Ucrânia.
Segundo autoridades militares os últimos confrontos intercomunitários , que deixaram mais de 200 mortos, foram "planeados pelos que “conspiram "contra o país