Problemas e responsabilidades
Quando há um problema na sociedade, as pessoas no geral têm, pelo menos, três opções para lidar com o mesmo, nomeadamente reparar, deixar como está e informar. Há dias, o Jornal de Angola reportou uma situação, factual e que no dia-a-dia condiciona a mobilidade de viaturas no início da Avenida Hoji-yaHenda, relacionada com a ruptura de uma tampa de esgotos, que se transformou numa cratera, com tendência a evoluir à medida que a terra ceder.
Embora existam inúmeras situações mais ou menos semelhantes, o que releva e mais importante do que o facto em si, nada diferente de tantos outros, foi a forma como reagiu a Comissão Administrativa de Luanda.
Sendo ou não do seu pelouro, o mínimo que se podia fazer, quando indagada pela reportagem do Jornal de Angola para saber como está a ser tratado, a abertura na via, aqui em Luanda, era relegar para a entidade competente.
A Área Técnica, ao que apurou o Jornal de Angola, evitou pronunciar-se sobre o caso, numa demonstração inaceitável de fuga à responsabilidade, numa altura em que se pretende “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”. Embora muitos possam minimizar a forma como determinadas entidades, mesmo que investidas de poder e responsabilidade no sector que dirigem, recusam prestar informações mínimas e normais, decorrentes até da própria lei, chega a indignar certas reacções desnecessárias e evitáveis.
Sabemos que se vai intervir na referida via, uma situação urge atendendo ao facto do referido buraco prevalecer ali por dias e semanas sem que haja, da parte de quem de direito, alguma diligência para o debelar e, pior de tudo, sem quem haja informação sobre o caso.
Quando a Área Técnica da Comissão Administrativa de Luanda evita pronunciar-se sobre o caso e é esse o gesto incompreensível e inaceitável que relevamos aqui, interrogamo-nos se assim contribui mais facilmente para que o problema se resolva ou se assim constitui uma forma indirecta de dizer às pessoas “esqueçam-se de que o buraco existe”.
A dignidade humana em que se baseia a República que todos os dias procuramos erguer para a efectivação da sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social. não se compadece com a sonegação de informação por parte de entes investidos de poder e responsabilidade.
Aquilo que permite que as pessoas tenham uma compreensão sobre algo em comum passa necessariamente pela informação que, como se sabe, vale sempre a pena alguma do que nenhuma ou o vazio, que pode sempre abrir espaço para interpretações e argumentos por causa da ausência de factos.
Esperemos que não voltemos a viver a experiência vivida pelo Jornal de Angola, com a reportagem junto da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, mais propriamente com a Comissão Técnica, que procurava um pronunciamento sobre um problema que levou, inclusive, um grupo de moradores do prédio 32 a endereçar uma carta à Administração do Distrito Urbano do Rangel em que lançam o grito de socorro.
Quando há problemas, o pior que as entidades com responsabilidades para falar sobre os mesmos podem fazer é remeterem-se, incompreensivelmente, ao silêncio, como se isso ajudasse a resolver.