CARTAS DOS LEITORES
Assédio sexual
Vivo em Viana, hoje, escrevo para a página de leitor do Jornal de Angola para abordar a questão sobre o assédio nas escolas e nas empresas públicas e privadas. Trata-se de uma situação silenciosa que afecta a milhares de pessoas, mas que, estranhamente, não se vêem casos a ganharem contornos judiciais, com condenação transitada em julgado. Fala-se tanto em assédio sexual, mas na hora da verdade nenhum caso ou pouquíssimos casos chegam, efectivamente, ao conhecimento da maioria da opinião pública. Não sei se, realmente, temos uma legislação que trata do assédio de forma compreensível ao ponto de as pessoas, afectadas ou não pelo fenómeno, saberem exactamente quando estão perante um caso. Julgo que o problema fundamental reside no facto de as pessoas encontrarem muitas dificuldades em saber quando estão ou não perante um tipo de assédio. E depois, temos de levar em conta que grande parte, se não mesmo a maioria dos casos de assédio, sucedem no seio das relações de proximidade. Nas escolas, a delicadeza dos casos envolve ainda uma grande complexidade na medida em que as alunas, os alunos e os professores lidam com situações do género com alguma complexidade. Mas parece que felizmente estes casos nas escolas está a diminuir, por força da acção policial e do crescente conhecimento que as famílias experimentam. Mas noutras esferas da sociedade, os casos de assédio continuam, no mesmo silêncio. Entre chefes e subordinadas persistem casos em que mais do que a natureza criminosa em si o assédio, a cumplicidade funciona também como travão. Algumas alunas, mesmo sem saber ler e escrever, tentam influenciar o professor até ao fim de namorar com professores, que não importa a idade. Há alunas com a 9ª classe, não sabem escrever nem ler. Como transitaram de classes? Têm notas acima da média, mas não sabem nada como transitaram de classes, mesmo sem saber ler e escrever. Alertamos os encarregados de educação e a sociedade em geral a denunciarem os actos do género, para não se mutilar o futuro da nação. O assédio começa, muitas vezes, no simples olhar, às vezes intencional, nos abraços desinteressados, no elogio de uma mulher ou de um homem. A sociedade deveria denunciar estas práticas de imoralidade. PEDRO DALA
Viana
Transportes públicos
Vivo no Zango I, município de Viana. Hoje, escrevo para a página de leitor do Jornal de Angola para felicitar a empresa pública de transportes públicos, TCUL, particularizando aqui as equipas responsáveis pela via Capalanca-largo da Independência, que deu amostras de alguma organização, disciplina e bom serviço prestado. Há dias, subi num dos autocarros desta mesma via e de facto fui surpreendido pela forma como se portaram o motorista e o cobrador. Nunca imaginei que fosse alvo de serviço muito bem prestado desde ao término às sucessivas paragens, que pude acompanhar com alguma atenção. Até a forma completamente educada como a dupla formada pelo motorista e o cobrador abordavam as pessoas não passou despercebido a muita gente, na medida em que as pessoas reconheciam e agradeciam. Lá, na pedonal da conhecida "Ponte Amarela", tem uma paragem da TCUL, controlada por fiscais em nome da operadora, muito provavelmente para acompanhar a forma como os motoristas se fazem às paragens e como partem depois. È salutar assistir como alguns autocarros saem do término vazios, chegam à paragem e começam a carregar os passageiros que estiverem na fila bem organizados. Também quando chegam outros autocarros com menos passageiros, carregar. Desta forma, está a ajudar muito os estudantes e trabalhadores sem condições de pagar um táxi no valor 400 kwanzas ou mais.