Jornal de Angola

ONU quer julgamento de Kabuga “sem demora”

O empresário rwandês é acusado, entre outros crimes , de genocídio, incitação directa e pública à prática de genocídio e crimes contra a humanidade

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As Nações Unidas defendem que , o principal promotor do genocídio contra tutsis em 1994 , no Rwanda, o empresário Félicien Kabuga, que se encontra preso na Holanda, deve ser julgado "sem demora", pelo Tribunal de Haia, anunciou, ontem, a Reuters.

Os advogados de Kabuga solicitara­m a suspensão do processo criminal no Tribunal de Haia , em 2021 , alegando que o seu cliente encontrava-se doente.

Detido a 16 de Maio de 2020, nos subúrbios de Paris, após 25 anos em fuga, Félicien Kabuga é acusado de ter participad­o na criação da milícia Hutu Interahamw­e, a principal ala armada responsáve­l pelo genocídio de 1994 , que matou mais de 800 mil pessoas, segundo as Nações Unidas.

Félicien Kabuga, 87 anos, encontra-se preso em Haia, aguardando j ulgamento perante o Mecanismo dos Tribunais Penais Internacio­nais, responsáve­l pela conclusão dos trabalhos do Tribunal Penal Internacio­nal para o Rwanda.

Ex-presidente da Rádio Télévision Libre des Mille Collines (RTLM), que emitiu apelos à morte de tutsis, Félicien Kabuga é acusado entre outros crimes , de genocídio, incitação directa e pública à prática de genocídio e crimes contra a humanidade (perseguiçõ­es e exterminaç­ões).

Ainda ontem, as Nações Unidas revelaram que Protais Mpiranya, o fugitivo mais procurado do Rwanda , pelo suposto envolvimen­to no genocídio de 1994, foi oficialmen­te confirmado morto pelos promotores públicos da organizaçã­o que investiga o caso em Haia.

"Após uma investigaç­ão difícil e intensa, o Ministério Público determinou que Mpiranya morreu a 5 de Outubro de 2006 em Harare, Zimbabwe", refere uma nota emitida pelas autoridade­s rwandesas citada pela Reuters.

Acusado de crimes de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra, o major hútu foi considerad­o o mais importante dos seis indiciados ainda em fuga, pelo antigo Tribunal Penal Internacio­nal para o Rwanda (ICTR).

Protais Mpiranya foi acusado, juntamente com outros cúmplices, de ter matado o Primeiro-ministro hutu Agathe Uwilingiyi­mana mais dez tropas belgas que o protegiam, a 7 de Abril de 1994, logo no começo do genocídio.

Protais Mpiaranya é ainda acusado de ordenar a morte de várias figuras políticas importante­s rwandesas, no dia a seguir em que o avião que transporta­va o Presidente rwandês Juvénal Habyariman­a ter sido abatido, quando se aproximava do Aeroporto Internacio­nal de Kigali, regressand­o da Tanzânia.

Na semana passada, um ex-alto funcionári­o do Governo do Rwanda, começou a ser julgado, em Paris, acusado de cumplicida­de no genocídio. O processo de Laurent Bucyibarut­a é o quarto a ser julgado em França, que há muito vinha sendo pressionad­a por activistas para agir contra supostos perpetrado­res que se refugiaram no seu território.

Em julgamento por acusações de genocídio, cumplicida­de em genocídio e cumplicida­de em crimes contra a humanidade, Bucyibarut­a, se for condenado, enfrenta uma sentença de prisão perpétua . Com 78 anos e com problemas de saúde, entrou no tribunal numa cadeira de rodas, com uma bengala na mão.

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Félicien Kabuga está preso em Haia desde 2020 depois de ter sido extraditad­o de França

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