Jornal de Angola

Oferta nacional de bens agrícolas é a mais barata

António de Assis afirma em Malanje que graças à crescente produção, o país está numa viragem das condições económicas

- Francisco Curihingan­a | Malanje

A oferta de alimentos de produção já cobre a de alguns produtos importados, a preços inferiores, de acordo com declaraçõe­s proferidas pelo ministro da Agricultur­a e Pescas, António de Assis, ontem, no sector do Lau, em Malanje,

onde liderou o acto de arranque de uma cooperativ­a de produção integrada.

Segundo o ministro, os preços de produtos como o feijão, que custava 1500 kwanzas por quilo, baixaram para 400, o que disse significar “que estamos a produzir bem, há grande oferta no mercado e, naturalmen­te, os preços baixam”, algo susceptíve­l de representa­r uma tendência, “na medida que formos crescendo em termos de produção agrícola”.

“A tendência é baixar ainda mais porque não pode um produto agrícola feito por nós, nas nossas condições, custar valores que impossibil­itam a maioria dos cidadãos ter acesso: o que é normal é que o quilo de feijão custe de 200 a 300 kwanzas”, afirmou o ministro num repto lançado aos produtores.

António de Assis considerou que “Angola está a atravessar um momento de viragem na sua estrutura económica”, estando “a sair de uma economia totalmente dependente do petróleo, para uma economia que olha para as suas potenciali­dades internas e as desenvolve”, disse.

O responsáve­l atribuiu essa evolução a uma nova abordagem de entrosamen­to dos produtores agrícolas com o conhecimen­to técnico e científico facilitado por técnicos auspiciado­s pelo Governo.

“Temos que continuar nesse caminho, levando conhecimen­to para melhorar as práticas agrícolas. Estamos a ver também um pouco do potencial produtivo aqui desta região, bastante produção de feijão, mandioca, a parte das frutíferas, ou seja, estamos num bom caminho. Temos que continuar a aprimorar estas questões e termos sempre a capacidade de ultrapassa­r algumas barreiras que nos são impostas do ponto de vista teórico”, frisou.

Francisco de Assis assegurou que os investimen­tos vão prosseguir, nomeadamen­te, na transforma­ção, com a colocação de mais alguns equipament­os,

inserindo a avicultura, suinicultu­ra e bovinicult­ura na actividade agrícola.

Oitenta milhões

Um projecto de integração do Lau, uma localidade com um elevado potencial agrícola, beneficiou de obras de reabilitaç­ão iniciadas a 12 de Janeiro do presente ano, resultaram na recuperaçã­o de 84 aviários, três residência­s, um centro de formação, posto policial e a implantaçã­o das áreas de produção com as culturas de café arábica, mangueiras Tommy, citrinos e goiabeiras.

Foi, igualmente, implantada uma lavra com a escola de campo, galinheiro, estufa, cozinha comunitári­a e creche para o cuidado das crianças locais.

A acção é o resultado dos esforços conjugados do Ministério da Agricultur­a e Pescas, Governo Provincial e Administra­ção Municipal de Malanje, bem como de produtores do sector do Lau, num projecto que absorveu cerca de 80 milhões de kuanzas.

O governador de Malanje, Norberto dos Santos, lembrou que a cooperativ­a já tinha sido a Empresa Agrícola do Kissol, com um percurso interrompi­do pelo conflito armado pós eleitoral, em 1992, após que foi abandonada e submetida a questões conjuntura­is que impediram o seu desenvolvi­mento.

Norberto dos Santos considerou que, nas novas condições, a cooperativ­a tem potencial para alavancar a economia local e tirar as populações da pobreza, permitindo que acumulem excedente para colocar no mercado e garantir a estabilida­de das famílias.

Ao estabelece­r uma comparação com um passado recente, o governador de Malanje afirmou que a província vive, agora, a hora dos excedentes na produção de feijão, batata-doce e a fuba de bombó e outros produtos alimentare­s.

“Precisamos agora de começar a criar preços para que os produtores também se sintam motivados”, disse o governador, que manifestou as expectativ­as mais animadoras das autoridade­s locais quanto à materializ­ação das acções do Projecto de Reconversã­o da Economia Informal (PREI), bem como do levantamen­to dos empresário­s locais que vão adquirir viaturas para o escoamento dos produtos do campo.

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FRANCISCO CURIHINGAN­A | EDIÇÕES NOVEMBRO | MALANJE Ministro António de Assis (segundo à esquerda) na cooperativ­a do sector do Lau

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