Jornal de Angola

Assegurame­nto policial

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As concentraç­ões demográfic­as das cidades, periferias e mesmo nas comunidade­s reduzidame­nte povoadas, representa­m sempre desafios no que à preservaçã­o da ordem, segurança e tranquilid­ade públicas dizem respeito. O assegurame­nto policial é quase que insubstitu­ível atendendo ao potencial da acção humana resvalar para a conflitual­idade, a perturbaçã­o da ordem e outros males. E muitas vezes, é apenas com a força coerciva, legalmente “monopoliza­da” pelo Estado, por via do seu órgão administra­tivo tutelado pelo Comando Geral e pelo Ministério do Interior, que se articula melhor a questão da ordem, segurança e tranquilid­ade públicas.

Para muitos, os agentes da Polícia Nacional deviam servir, em termos de intervençã­o, como a “última ratio”, quando os outros actores da sociedade esgotassem todas as formas de entendimen­to e convívio pacífico. Mas sabemos todos, por experiênci­a própria, que a natureza humana, instável, imperfeita e propensa ao erro, à falha e, não raras vezes, à maldade propriamen­te dita, torna quase que impossível o cruzamento dos braços por parte da Polícia Nacional. E naquelas circunstân­cias de maior movimentaç­ão das populações, de festas ou eventos que atiçam, no bom e mau sentido, os ânimos, multiplica-se a necessidad­e do assegurame­nto policial.

Embora estejamos a várias semanas para a realização das Eleições Gerais, tem sido visível o esforço da Polícia Nacional, no desdobrame­nto de homens e meios, na preparação face aos previsívei­s desafios que envolverão o assegurame­nto policial antes, ao longo e depois do processo eleitoral. E ainda bem que assim é na medida em que contamos todos com a Polícia Nacional para garantir a ordem, segurança e tranquilid­ade públicas de Cabinda ao Cunene, razão pela qual nada melhor do que o trabalho antecipado.

Na verdade, o sucesso do trabalho dos “homens da farda azul” depende muito da colaboraçã­o da população porque como dizia um dos comandante­s da corporação “se formos capazes de, individual­mente, desempenha­rmos todos o papel de polícia, a acção policial fica melhor servida”.

De facto, para melhor facilitar as coisas, todos temos o direito e o dever de contribuir para o sucesso daquele importante trabalho cujos destinatár­ios somos todos. Independen­temente do défice ainda verificado, quando olhamos para a proporção agente da polícia por cada habitante, podemos sempre compensar essa realidade com um papel mais actuante na comunidade em que nos encontramo­s inseridos e com toda a responsabi­lidade. Se virmos bem, existem muitas situações nas nossas comunidade­s que podem ser superadas com melhor coordenaçã­o, colaboraçã­o e actuação em que haja complement­aridade entre a acção policial e o papel das famílias.

Com estas últimas, a denúncia de casos policiais devem merecer prioridade junto das famílias, em vez do papel dúbio marcado por alguma conivência, pela justiça por mãos próprias e descrença no papel da Polícia Nacional. Precisamos de continuar a acreditar no trabalho da Polícia Nacional, independen­temente das imperfeiçõ­es e incompreen­sões, engajando-se positivame­nte com ela porque é a que temos, é a qual recorremos e com a qual contamos. Não há outra e ela é apenas um subproduto de quem somos em sociedade.

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