Asseguramento policial
As concentrações demográficas das cidades, periferias e mesmo nas comunidades reduzidamente povoadas, representam sempre desafios no que à preservação da ordem, segurança e tranquilidade públicas dizem respeito. O asseguramento policial é quase que insubstituível atendendo ao potencial da acção humana resvalar para a conflitualidade, a perturbação da ordem e outros males. E muitas vezes, é apenas com a força coerciva, legalmente “monopolizada” pelo Estado, por via do seu órgão administrativo tutelado pelo Comando Geral e pelo Ministério do Interior, que se articula melhor a questão da ordem, segurança e tranquilidade públicas.
Para muitos, os agentes da Polícia Nacional deviam servir, em termos de intervenção, como a “última ratio”, quando os outros actores da sociedade esgotassem todas as formas de entendimento e convívio pacífico. Mas sabemos todos, por experiência própria, que a natureza humana, instável, imperfeita e propensa ao erro, à falha e, não raras vezes, à maldade propriamente dita, torna quase que impossível o cruzamento dos braços por parte da Polícia Nacional. E naquelas circunstâncias de maior movimentação das populações, de festas ou eventos que atiçam, no bom e mau sentido, os ânimos, multiplica-se a necessidade do asseguramento policial.
Embora estejamos a várias semanas para a realização das Eleições Gerais, tem sido visível o esforço da Polícia Nacional, no desdobramento de homens e meios, na preparação face aos previsíveis desafios que envolverão o asseguramento policial antes, ao longo e depois do processo eleitoral. E ainda bem que assim é na medida em que contamos todos com a Polícia Nacional para garantir a ordem, segurança e tranquilidade públicas de Cabinda ao Cunene, razão pela qual nada melhor do que o trabalho antecipado.
Na verdade, o sucesso do trabalho dos “homens da farda azul” depende muito da colaboração da população porque como dizia um dos comandantes da corporação “se formos capazes de, individualmente, desempenharmos todos o papel de polícia, a acção policial fica melhor servida”.
De facto, para melhor facilitar as coisas, todos temos o direito e o dever de contribuir para o sucesso daquele importante trabalho cujos destinatários somos todos. Independentemente do défice ainda verificado, quando olhamos para a proporção agente da polícia por cada habitante, podemos sempre compensar essa realidade com um papel mais actuante na comunidade em que nos encontramos inseridos e com toda a responsabilidade. Se virmos bem, existem muitas situações nas nossas comunidades que podem ser superadas com melhor coordenação, colaboração e actuação em que haja complementaridade entre a acção policial e o papel das famílias.
Com estas últimas, a denúncia de casos policiais devem merecer prioridade junto das famílias, em vez do papel dúbio marcado por alguma conivência, pela justiça por mãos próprias e descrença no papel da Polícia Nacional. Precisamos de continuar a acreditar no trabalho da Polícia Nacional, independentemente das imperfeições e incompreensões, engajando-se positivamente com ela porque é a que temos, é a qual recorremos e com a qual contamos. Não há outra e ela é apenas um subproduto de quem somos em sociedade.