Assange recorre da decisão de extradição para os EUA
Jornalista e fundador do portal Wikileaks enfrenta risco de condenação a uma pena de 175 anos de prisão por divulgar informação militar confidencial, diz acusação
A esposa de Julian Assange garantiu que o jornalista vai recorrer para evitar a extradição para os Estados Unidos ( EUA), decisão anunciada ontem pela ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel.
“Vamos lutar contra isto. Vamos usar todos os recursos possíveis”, disse Stella Assange, durante uma conferência de imprensa, citada pela Reuters. “Vou lutar pelo Assange enquanto estiver acordada até que ele seja livre. Até que seja feita justiça”, rematou, à porta do edifício daquele Ministério.
O jornalista australiano é acusado de 18 crimes pelas autoridades dos EUA, onde pode enfrentar uma pena de até 175 anos. Sobre o fundador do Wikileaks recaem queixas de espionagem, relacionadas com a divulgação de informação militar confidencial norte-americana. De acordo com Washington, a revelação dessas informa
ções colocaram muitas vidas em perigo.
De acordo com a Reuters, o Ministério do Interior britânico não considerou que esta extradição fosse incompatível com o cumprimento dos direitos humanos. O activista, de 50 anos, tem agora dias para recorrer ao Supremo Tribunal de Londres. Esta instância não é, no entanto, a última opção, podendo ainda o jornalista recorrer ao Supremo Tribunal do Reino Unido e, em último caso, ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
“Não estamos no fim da linha”, sublinhou Stella, que considerou que a decisão do Ministério do Interior era “um dia negro para a liberdade de imprensa e para a democracia britânica”. A também activista considerou que esta f oi “uma decisão travesti”.
Assange não era para ser, inicialmente, extraditado, tendo alegado que este pro
cesso o colocaria em risco de suicídio, caso fosse condenado e colocado numa prisão de alta segurança.
A decisão acabou por tomar um rumo diferente depois de os responsáveis dos Estados Unidos darem garantias de segurança, incluindo a possibilidade de este cumprir uma pena de prisão na Austrália, onde nasceu.
Um antigo responsável britânico pelos processos de extradição disse à Reuters que muitos veredictos eram alterados após os recursos, e que, neste caso, Assange poderia alegar que a sua extradição estava relacionada com motivações políticas - devido à fuga de informações que põem em causa decisões militares - e levar novas provas, como as alegações de que a CIA o queria assassinar. Recorde-se que a CIA não reagiu às acusações feitas por Assange. “Acho que pode conseguir alguma tracção”, disse Nick Vamos.