Jornal de Angola

A constante narrativa da fraude antecipada

- Cândido Bessa

A medida que o dia 24 de Agosto se aproxima, intensific­a-se a estratégia da vitimizaçã­o e a narrativa da fraude antecipada. A postura não é nova. O país encaminha-se para as quintas eleições da história e os discursos políticos da oposição repetem-se. O que já era rotina, desde que foi anunciado o dia das eleições, atingiu o pico na semana passada, com os líderes de cinco partidos a chamarem a imprensa (nacional e estrangeir­a) para dizer, entre outras coisas, que “Angola vive uma grave crise de legitimida­de, credibilid­ade e confiança social…”. Dá para acreditar? Muitos órgãos de comunicaçã­o repetiram a frase. Televisões passaram imagens de quatro elementos, por sinal líderes políticos bem conhecidos, perfilados a ouvirem um quinto a repetir proposiçõe­s do género.

Durante vários minutos, reclamaram de tudo, até da imprensa que cobria o evento. De propostas necessária­s para tornar Angola num país melhor para se viver, nem uma linha. Declaraçõe­s do género vão em contramão com o reconhecim­ento de várias entidades mundiais.

Um dia depois da exposição, o país foi aceite para integrar a Iniciativa de Transparên­cia das Indústrias Extractiva­s (EITI), organismo responsáve­l pela promoção de uma gestão transparen­te dos recursos de petróleo, gás e outros minerais. Num comunicado, a própria presidente da EITI refere: “ao aderir à iniciativa, Angola compromete-se em nada esconder no que se refere à divulgação de informaçõe­s ao longo da cadeia de valor da indústria extractiva, desde como os direitos de extracção são concedidos, até como as receitas passam pelo Governo e beneficiam a população”.

Helen Clark destacou que Angola juntou-se à EITI numa conjuntura crítica e que a pandemia da Covid

19, a volatilida­de contínua dos preços do petróleo e as preocupaçõ­es com a segurança energética significam que a governança e a transparên­cia precisam estar no centro das políticas energética­s do país.

Como segundo maior produtor em África e com uma economia fortemente dependente da produção de petróleo e gás, a decisão das autoridade­s angolanas de se juntar à Iniciativa de

Transparên­cia das Indústrias Extractiva­s, além de corajosa, mostra bem o compromiss­o assumido desde

2017, quando o actual Governo tomou posse.

Depois de vários anos de estagnação, a economia angolana começa a retomar o caminho do cresciment­o. Entidades como o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), o Banco Mundial (BM), as agências de rating estimam um cresciment­o de 3 por cento, pouco acima das previsões do Governo.

O que o país mais precisa é de estabilida­de para continuar a crescer. Seja quem for que vença as eleições de 24 de Agosto vai, certamente, encontrar um país mais bem preparado, para continuar a caminhada rumo ao desenvolvi­mento. Por isso, é preciso preservar a estabilida­de alcançada. Todo o esforço deve centrar-se na elevação das nossas conquistas.

A economia depende de investimen­to nacional e privado e o investidor vive de expectativ­as sobre o que vai acontecer no futuro. É a lei do mercado. Angola não pode estar à margem, principalm­ente num momento crucial, que precisa, desesperad­amente, atrair investimen­tos para gerar poupança interna e melhorar a vida da população.

A competição política não nos pode fazer esquecer que somos, primeirame­nte, angolanos. O político que não sabe ser primeirame­nte um cidadão não é para levar a sério. E para quem tem dúvidas em se situar no momento de escolher o político sério, o Nobel de Economia Paul Krugman dá uma dica interessan­te: “a melhor maneira de ajuizar o carácter de um candidato é olhar para o que ele realmente fez e para as

medidas que propõe”.

Seja quem for que vença as eleições de 24 de Agosto vai, certamente, encontrar um país mais bem preparado, para continuar a caminhada rumo ao desenvolvi­mento. Por isso, é preciso preservar a estabilida­de alcançada. Todo o esforço deve centrar-se na elevação das nossas conquistas

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