Uma doença hereditária
Anemia das células falciforme ou anemia drepanocítica, como também é conhecida, é uma doença hereditária que causa alteração no formato dos glóbulos vermelhos, que, em vez de terem a forma de um disco, ficam semelhantes a uma foice ou meia-lua.
Brígida dos Santos explicou que, devido a essa alteração, os glóbulos vermelhos tornamse menos capazes de transportar oxigénio pelo corpo, o que causa sintomas típicos e iniciais como cansaço excessivo, palidez, crises de dor, muito choro (se for bebé), assim como esses doentes podem ter um quadro súbito de anemia
grave com necessidade de transfusão urgente.
“Esses doentes, também, podem ter infecções bacterianas e, nos casos mais dramáticos, chegam aos acidentes vasculares cerebrais (AVC). E, como a doença está ligada à hemoglobina, que tem a função de transportar o oxigénio para toda as partes do corpo, com essa deficiência, os órgãos sofrem uma lesão progressiva e crónica”, realçou a médica.
Por isso, esclareceu a especialista em Hematologia, o baço e o fígado aumentam de tamanho e têm alterações nos ossos e nas articulações, sendo que muitos desses sintomas começam a aparecer entre os cinco e seis meses de idade e noutros aos dois meses de vida.
Sobre quem é drepanocítico, disse, em regra, as demais doenças atacam de forma mais grave, devido à fragilidade do próprio organismo, daí a razão de o Calendário Nacional de Vacinação incluir vacinas importantes para este grupo de pacientes, faltando, ainda, a pneumo 23.
Brigida dos Santos explicou que nem sempre a anemia de células falciformes representa carência de ferro como muitos dizem, embora, nalgumas vezes, pode estar associada, porque a falciformação destrói rapidamente as células.
“Em média, uma célula tem a duração de vida de 120 dias, mas na anemia falciforme, as células vivem apenas 30 dias. E, para se produzir novas células é preciso nutrientes como o ferro”, explicou a hematologista.