Incidente diplomático agrava tensão entre Quénia e Somália
Um novo incidente diplomático está a colocar à prova as relações entre o Quénia e a Somália, depois de um certo optimismo com a tomada de posse do novo Chefe de Estado somali
O Quénia expressou, quintafeira, “arrependimento” pela presença de uma bandeira da região separatista da Somalilândia durante um briefing diplomático em Nairobi, que provocou um forte protesto das autoridades de Mogadíscio, noticiou a Efe.
Horas depois de o embaixador da Somália no Quénia ter abandonado o evento por causa da presença de um enviado daquela região, o Ministério das Relações Exteriores do país anfitrião lamentou a “presença inadequada” de uma bandeira da Somalilândia, mas não fez qualquer menção à presença de um seu representante.
“O Ministério deseja reafirmar o reconhecimento da s oberania de um único Governo federal da Somália e da integridade do Estado federal da Somália”, acrescentou o comunicado diplomático queniano. “Qualquer inconveniência ou constrangimento causado por este assunto é profundamente lamentável”, acrescenta o comunicado. Esta gafe diplomática ocorre poucos dias depois de o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, visitar Mogadíscio para a posse do recém-eleito Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, marcando o que se esperava ser o fim de um afrouxamento das relações entre os dois países, que foram tempestuosas sob o Presidente anterior Mohamed Abdullahi Mohamed, conhecido como Farmajo. A Somália também concordou, na quinta-feira, em suspender a proibição de transporte aéreo entre os dois países, que estava em vigor há mais de dois anos.
Mogadíscio mantinha relações diplomáticas tensas com o Quénia desde Dezembro de 2020, quando Kenyatta recebeu em Nairobi o presidente da auto-proclamada república da Somalilândia, que não é reconhecida pela comunidade internacional e que Mogadíscio considera parte integrante da Somália. As relações diplomáticas foram restabelecidas em Agosto de 2021. A Embaixada somali em Nairobi considerou “infeliz” que o Quénia tenha “intencionalmente convidado” um representante da Somalilândia para uma reunião diplomática e lhe tenha concedido “privilégios iguais aos de um Estado soberano, apesar do protesto do embaixador somali.
Uma ex-colónia britânica, a Somalilândia tem relações e c o n ó micas c o m u m punhado de países ao redor do mundo, mas continua sendo uma região de estabilidade em comparação com o resto da Somália, que foi devastada por décadas de violência política e uma insurgência islâmica mortal.
Curiosamente, na sextafeira, o novo Presidente da Somália nomeou como Primeiro-ministro Hamza Abdi Barre, natural da região que deu o nome à “Somalilândia”, a quem incumbiu de se empenhar no combate à fome ao terrorismo que ainda afecta o país.