Competição da fecundação ao mando
O ser humano nasce com um agregado, omnipresente, o gene da competição, que o persegue desde a fecundação, como algo que o estimula a crescer, conquistar e alcançar glórias. Estar acima de outros não é um simples capricho; antes, tendência natural que faz com que homens e mulheres tenham poder de mando, ser referência a sublinhar, o que não é fácil.
A vida é um manancial de lutas, desafios constantes e permanentes, na ânsia de resultados que enalteçam o ego, o empenho pessoal em conquistar espaços e fazer-se aceitar entre muitos. Depois vem a afirmação onde faz jus o poder criativo, já que as ideias brilhantes ou comezinhas, segundo alguns pensadores, nascem numa cabeça, transmite-se a terceiros e, quando aceites, são de conhecimento amplo, aqui considerado um legado da ordem natural das coisas.
A confrontação de ideias é o que há de mais frutífero entre os humanos. É o ponto de partida para colher e disseminar. Colher no sentido de acatar o positivo
e melhorar o menos conseguido, com variantes que estimulam a diversificação. É bonito quando as pessoas aproveitam a excitação cerebral para criar ideias que, quando positivas, ajudam o mundo a crescer.
A acção competitiva é em si um acto de crescimento que não é isolado. Antes, superação pessoal para ultrapassar a capacidade dos outros em conhecimentos; só possível com vivências no bom sentido, recurso a mestres mudos, leitura dos tempos, tendências de mudanças, para posse de argumentos e maior consistência de know how. Importa igualmente aceitar desafios de intervenção para a visibilidade, deixando assim de ser um desconhecido, para marcar a diferença e apresentar- se ao grande júri, o público.
No entanto, a primeira vez em público, como em tudo na vida, reúne os elementos ansiedade, pressa, o principal aliado da imperfeição; nervosismo e o medo de falhar. Estes itens com inscrição negativa podem ser superados com treinamento. Um debate a dois e conversas com amigos no bairro, colegas de carteira, podem ter o dom de quebrar barreiras. Contornar a inibição com presença assídua em alguns espaços de debates e intervenção como palestras, seminários são formas conhecidas de ganhar coragem, de mostrar a cara em plenárias.
Num espaço com cunho intelectual, a competição obedece a regras, umas visíveis, subs
critas por decreto, outra subterrâneas, muito ligadas ao plágio e ao destrato a quem é novo, “assanhado”. O segredo para o alcance de êxito está na
preparação, ter sempre presente que do lado oposto os franco atiradores são inúmeros e estão sempre em prontidão. Por isso há que velar por esforços conjugados, dar o litro, correr a maratona de 42 quilómetros de letras e sair vencedor.
O humano tem que se esforçar para a competição diária, tem que mostrar músculo no pensamento, delimitar áreas e partir para o comando, um exercício reservado a poucos, porque requer visão, estratégias, metas, acção e resultados. Homens que subscrevam estes itens, quando em linha de conta são os escolhidos e reconhecidos.
A própria vida é feita de troca de conhecimentos diários. Quando saímos à rua, estamos num palco onde somos de imediato escrutinados e obrigados a ter êxito; a saudação a preceito, o olhar de respeito, a vestimenta, a apresentação têm que estar em dia. No convívio social cada um tem os seus interesses, necessidades e apreensões, é uma escola. A cidade que calcorreamos todos os dias é-a igualmente. Os mais velhos, que a seu tempo, passaram por fases competitivas aturadas, são um suporte intelectual que deve ser aproveitado. Com eles seguimos o conselho de Neto, “Criar, criar amor com os olhos secos.”
A escola da vida ensina-nos ainda que o êxito numa empreitada dá azo ao aparecimento de mais gente interessada em galgar terrenos, em ultrapassar-nos, conquistar a coroa do rei. Daí que estar no topo, para além da perseverança no saber, robustez de conhecimentos, é um campo de batalha permanente.
Só a morte pára o guerreiro. Daí vale o sacrifício de queimar pestanas para ser capital humano, daqueles que dá cartas e empresta valor acrescentado para que a nação aconteça e o país se desenvolva a um ritmo mais acelerado.