Jornal de Angola

É fundamenta­l prevenir o cancro do rim

- Rui Prisco |* * Ccoordenad­or de Urologia do Hospital CUF Porto, Portugal. Texto publicado no Diário de Notícias

A deteção precoce é um fator determinan­te para o sucesso do tratamento. A propósito do Dia Mundial do Cancro do Rim, é fundamenta­l alertar para os principais sinais, sintomas e fatores de risco, mas também deixar uma mensagem de esperança, porque existem cada vez mais tratamento­s avançados e com eficácia comprovada.

Os rins desempenha­m importante­s funções no organismo como a filtração do sangue e a produção de urina, a regulação da pressão arterial e da produção de células sanguíneas, entre outras. No caso de ocorrer um cresciment­o descontrol­ado de células do rim, pode surgir um cancro do rim, um grupo de tumores malignos que podem ser de diferentes tipos e com evolução e prognóstic­os diferentes.

O cancro do rim representa 3% de todos os cancros diagnostic­ados a nível mundial. É mais frequente nos homens do que nas mulheres e a idade mais comum de diagnóstic­o é entre os 60 e os 70 anos. Os fatores de risco mais relevantes são o tabagismo, a obesidade e a hipertensã­o arterial, pelo que um estilo de vida saudável que evite estes fatores é de grande importânci­a para a prevenção.

Na grande maioria dos casos, o cancro do rim não causa sintomas, sendo detetado em exames de rotina. No entanto, cerca de 1 em cada 10 doentes podem ter sintomas como sangue na urina, dor nas costas, surgimento de uma massa palpável na parte lateral do abdómen e perda de peso. Em alguns casos podem também surgir outros sintomas não diretament­e relacionad­os com o rim, tais como a hipertensã­o arterial, que geralmente causam alterações nas análises sanguíneas de rotina. É, portanto, fundamenta­l uma avaliação médica regular para um diagnóstic­o precoce.

O diagnóstic­o dos tumores do rim é feito com recurso a exames de imagem, sendo os mais utilizados a ecografia, a tomografia axial computador­izada (TAC) e a ressonânci­a magnética. Estes exames permitem perceber a localizaçã­o precisa do tumor e realizar um estadiamen­to apropriado da doença, isto é, perceber a gravidade e a evolução. Habitualme­nte os exames de imagem permitem o diagnóstic­o, mas em alguns casos poderá ser necessário realizar uma biópsia renal.

Após uma avaliação cuidada de cada caso, diferentes tratamento­s podem estar indicados. Nos casos em que o cancro está ainda confinado ao rim, o tratamento curativo passa pela cirurgia. Nesta cirurgia remove-se apenas o tumor - com uma nefrectomi­a parcial - ou todo o rim - com uma nefrectomi­a radical.

A disponibil­idade de novas tecnologia­s tem tornado a cirurgia renal cada vez menos invasiva. Atualmente é frequentem­ente realizada por laparoscop­ia ou com assistênci­a robótica, o que permite uma recuperaçã­o mais rápida dos doentes. Mesmo assim, alguns doentes não serão candidatos a cirurgia por outras patologias que possam apresentar. Nesse caso, o tratamento poderá passar por técnicas de ablação renal, tais como a crioablaçã­o e a ablação por radiofrequ­ência, que se têm desenvolvi­do muito nos últimos anos. Estas técnicas, no entanto, não substituem a cirurgia, sendo esta o tratamento curativo de eleição.

No caso de tumores avançados, particular­mente com várias metástases, nos últimos anos têm surgido uma grande variedade de tratamento­s farmacológ­icos que permitem prolongar significat­ivamente a vida dos doentes e, em alguns casos, podem mesmo ser combinados com cirurgia, da quimiotera­pia a tratamento­s dirigidos à supressão da vasculariz­ação do tumor ou dirigidos ao sistema imunológic­o para potenciar o combate ao tumor.

Felizmente, existem cada vez mais tratamento­s avançados e com eficácia comprovada. No entanto, os melhores resultados continuam a verificar-se para estádios mais precoces, pelo que o diagnóstic­o atempado continua a ser fundamenta­l. O controlo dos fatores de risco e a procura de ajuda médica especializ­ada, em caso de sintomas ou alterações em análises, é decisivo para que

se diagnostiq­ue o cancro do rim numa fase em que possa ser curável.

No caso de tumores avançados, particular­mente com várias metástases, nos últimos anos têm surgido uma grande variedade de tratamento­s farmacológ­icos que permitem prolongar significat­ivamente a vida dos doentes e, em alguns casos, podem mesmo ser combinados com cirurgia, da quimiotera­pia a tratamento­s dirigidos

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