Jornal de Angola

Áustria pede fim do “mito de que as armas nucleares dão segurança”

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O ministro austríaco dos Negócios Estrangeir­os, Wolfgang Schallenbe­rg, instou, ontem, a comunidade internacio­nal a libertar o mundo dos arsenais atómicos antes que estes acabem com a humanidade.

“É tempo de pôr fim ao mito de que as armas nucleares proporcion­am segurança”, afirmou o chefe da diplomacia austríaca em Viena, na abertura da primeira conferênci­a do Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares (TPNW, na sigla em inglês).

As potências nucleares podem agarrar-se às suas armas, “mas a maioria dos Estados não aceita esta lógica”, sublinhou.

A reunião de três dias, boicotada pela OTAN e pelas potências atómicas, conta com a presença de delegados de mais de 80 países, bem como de sobreviven­tes de testes nucleares e representa­ntes da sociedade civil.

O TPNW, negociado e aprovado em 2017 nas Nações Unidas, entrou em vigor em 22 de Janeiro de 2021 como um instrument­o de direito internacio­nal, no qual os signatário­s se compromete­m, entre outras coisas, a não desenvolve­r, adquirir, armazenar, usar ou ameaçar usar armas nucleares ou outros engenhos explosivos nucleares.

Schallenbe­rg informou que o número de Estados que ratificara­m o tratado subiu para 65, depois de ter somado quatro países nos últimos dias, enquanto outros 23 assinaram, faltando a ratificaçã­o do documento.

O ministro austríaco manifestou-se confiante de que o acordo acabará por prevalecer, apesar de, para já, ser rejeitado pelos nove países que possuem armas nucleares, bem como pelos membros da aliança militar da OTAN, embora dois deles, a Alemanha e a Noruega, participem no fórum a decorrer em Viena como observador­es.

“É hora de acabar com o mito de que as armas nucleares fornecem segurança (...). Temos de abolir as armas nucleares antes que nos suprimam”, porque “a espada de Dâmocles que paira sobre as nossas cabeças é uma ameaça demasiado grande”, insistiu o ministro austríaco.

O presidente do Comité Internacio­nal da Cruz Vermelha, o suíço Peter Maurer, afirmou que o TPNW representa “uma mudança de paradigma”, porque nele, ao contrário de outros tratados como o Tratado de Não Proliferaç­ão (TNP), as armas nucleares já não são considerad­as do ponto de vista militar, mas sim humanitári­o.

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