Job desvenda segredo para o regresso ao título
Ex-médio confessou que tinha a certeza de que antes de terminar a carreira iria erguer, pela terceira vez, o Girabola
O f utebolista angolano Ricardo Job Estêvão, médio do Petro de Luanda, decidiu colocar ponto final à carreira, aos 34 anos, após 15 épocas ininterruptas com a camisola dos tricolores. Na hora do “adeus” aos relvados, desvendou os caminhos seguidos pela equipa, determinantes para a quebra do longo jejum de 12 anos de “seca” de títulos no Girabola.
“Criámos a frase 'tu és o meu sangue' e como tínhamos em cada sector da equipa dez melhores jogadores, sempre que alguém fosse substituído, quem entrasse para o lugar tinha de dar muito mais do que o colega que rendeu. O nosso balneário foi muito forte”, contou, sorridente.
Falando em entrevista à página oficial do clube no Facebook, Job não escondeu a emoção ao anunciar o encerramento da carreira. O médio não conteve as lágrimas, omitiu as razões que o levaram a tomar a decisão, mas deixou claro o amor que nutre pela camisola e o emblema que representou durante largos anos.
“É o fim de uma história que juntos escrevemos. A emoção é grande, mas a vida é feita de ciclos, pois, tudo que começa um dia termina. Agora preciso começar um novo capítulo”, afirmou o futebolista, assegurando em seguida estar decidido a escrever novas páginas ao serviço dos tricolores.
“O Petro permanecerá acima de qualquer jogador. Vou continuar a escrever outras páginas deste livro que imagino ser infinito e tem o DNA do clube, o único e inigualável.
No Petro, somos uma família. Amarei este clube e sempre respeitarei, porque deu-me muito. É a hora de olhar para o futuro, juntar novas ideias e estar preparado para outros desafios que a vida vai me propor. Deixo de ser jogador, capitão e os relvados, mas permanecerei nesta casa”, acrescentou, deixando transparecer a ideia de que foi uma decisão difícil de tomar.
Job chegou ao Petro de Luanda com 20 anos, saído do ASA, onde viria a ser descoberto por Bernardino Pedroto, seu antigo treinador no clube aviador e, posteriormente, também nos tricolores. Nessa altura, recorda o médio, foi importante o contributo dos jogadores mais experientes que encontrou no plantel, casos de Malamba e Chara, este último, a quem viria depois a “roubar” a braçadeira de capitão.
“Quando fui convidado para ir ao Petro achei um pouco estranho, sempre fui tricolor e a minha família toda é do Petro, mas sabia que seria muito difícil porque havia jogadores de renome. Consegui me impor, porque no ano que cheguei fui campeão e o melhor jogador”.
Título 12 anos depois
O futebolista garantiu estar, ainda, a festejar o título com a família. Admitiu que o longo jejum e a forma como o troféu foi conquistado contribuíram para a enorme manifestação de júbilo.
“Na minha casa, a festa ainda continua”, confirmou, mostrando-se feliz por estar a fechar o ciclo de uma carreira ao serviço do Petro de Luanda, com três conquistas no Girabola e duas Taças de Angola.
“Este ano considero especial, porque fizemos a dobradinha e há muito tempo que o Petro não fazia a dobradinha. Trabalhámos muito e com este objectivo. Sabíamos que seria difícil, mas o propósito era ganhar o campeonato. Quando ganhámos o Girabola, conversámos no balneário e, como capitão, sempre incentivei os colegas a acreditarem, porque queria ganhar o campeonato e a taça. No balneário era o único que já tinha sido campeão e os outros também queriam ser”.
Job acredita que o clube “devia este troféu aos adeptos”, dado ter sido longo o interregno de títulos, embora confessou de que tinha quase a certeza de que, “antes de terminar a carreira”, iria ser novamente campeão.
Destacou o papel da família ao longo da carreira, “sobretudo quando parti a perna, em 2011”, tendo ficado quase 11 meses fora dos relvados. Admitiu estar ansioso para ver algum dos filhos a seguirlhe as pegadas no desporto.
“A família esteve sempre comigo e foi muito importante na minha vida como futebolista. Os meus dois filhos gostam de futebol. Até dei-lhes o nome de Drogba e Gabriel (Gabigol)”, disse a sorrir.
“A família esteve sempre comigo e foi muito importante na minha vida como futebolista. Os meus dois filhos gostam de futebol. Até dei-lhes o nome de Drogba e Gabriel (Gabigol)”, disse a sorrir