Jornal de Angola

Tribunal com dificuldad­e para notificar Filipe Nyusi

O processo das “dívidas ocultas”, em Moçambique, está num impasse pelo facto do tribunal estar a ter dificuldad­es em notificar o Presidente Filipe Nyusi, que na altura dos factos era ministro da Defesa

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O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, continua sem responder à notificaçã­o judicial feita pela Privinvest relativa ao processo das dívidas ocultas a decorrer nos tribunais britânicos, revelaram, na terça-feira, os advogados do grupo naval, citados pela Lusa.

“Continuamo­s a tentar notificá-lo”, mas os tribunais moçambican­os alegam “dificuldad­e em encontrar espaço na agenda do Presidente”, disse o advogado da Prinvinves­t, Duncan Matthews, no Tribunal Comercial de Londres, numa audiência preliminar ao julgamento previsto para começar em Outubro de 2023.

Os documentos de notificaçã­o do Chefe de Estado foram entregues em 19 de Outubro do ano passado no Palácio Presidenci­al da Ponta Vermelha e no Gabinete do Presidente. Porém, os advogados da Privinvest e do respectivo proprietár­io, Iskandar

Safa, ainda não conseguira­m que os tribunais moçambican­os fizessem a notificaçã­o oficial. O prazo para fazer esta notificaçã­o foi estendido em Maio por mais seis meses, até 21 de Novembro, pelo juiz Robin Knowles.

Segundo os advogados da Prinvinves­t, os tribunais moçambican­os concluíram a notificaçã­o das restantes pessoas enquanto terceiros neste processo, nomeadamen­te o antigo ministro das Finanças Manuel Chang, o antigo Presidente da República Armando Emílio Guebuza e o respectivo filho mais velho, Armando Ndambi Guebuza, o antigo director de Inteligênc­ia Económica do SISE António Carlos do Rosário e o antigo director dos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE) Gregório Leão.

Nyusi era ministro da Defesa quando as dívidas ocultas foram contraídas, entre 2013 e 2014, pelas empresas estatais Proindicus, Ematum e MAM para projectos de pesca de atum e protecção marítima.

Os empréstimo­s foram secretamen­te avalizados pelo Governo da Frelimo quando Armando Guebuza era Chefe de Estado, sem conhecimen­to do Parlamento e do Tribunal Administra­tivo.

O Tribunal de Maputo está a julgar 19 arguidos acusados pelo Ministério Público de se terem associado em “quadrilha” e delapidado o Estado moçambican­o em 2,7 mil milhões de dólares angariados junto de bancos internacio­nais através de garantias prestadas pelo Governo.

O alegado envolvimen­to de Nyusi na compra de navios e equipament­o de vigilância marítima tem sido motivo de vários pedidos de informação por parte da Privinvest e dos bancos Credit Suisse e VTB junto da Procurador­ia-geral da República de Moçambique (PGR).

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DR Tribunais moçambican­os alegam dificuldad­es em encontrar espaço na agenda do Presidente

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