O Leste de Angola não é só diamantes
“Temos de tirar da nossa cabeça que o Leste de Angola só tem diamantes. O Leste de Angola tem diamantes (…), mas isso não impede que façamos uma aposta séria na agricultura”, disse o Presidente João Lourenço, na sua deslocação ao Moxico, sábado, 11.06. Antes, traçou um breve panorama da situação política actual na Europa e do impacto negativo que a guerra na Ucrânia está a ter na comercialização de cereais como o trigo, o milho e na produção de óleo de girassol a nível global.
Uma declaração que encerra um forte apelo à mudança do paradigma de pensamento que se instalou na forma de olhar e avaliar o Leste do país. O candidato João Lourenço não se limitou a dizer que é preciso que isso se faça, mas, sobretudo, a dar a conhecer como, no próximo quinquénio, será feito; como se vai trabalhar para se alcançar esse grande objectivo de transformar o Moxico numa província com uma economia melhor organizada, com uma dinâmica de crescimento económico capaz de a colocar, a médio prazo, como uma das mais produtivas a nível nacional.
João Lourenço levou consigo uma radiografia da província, com os problemas das populações e os pontos de estrangulamento para o seu desenvolvimento bem identificados. Mas, à semelhança do que fez no Cunene, em Cabinda e no Zaire, levou também um discurso de ambição. Ao afirmar que “Angola tem potencial, não diria para ser uma Ucrânia, mas (…) para não ter necessidade de importar trigo, óleo vegetal e outros produtos alimentares, produzir para si própria, mas produzir também para exportar”, enalteceu de seguida as excelentes condições que a província do Moxico e o Leste do país em geral possuem para a prática da agricultura, e não só.
Território quase duas vezes e meia maior que Portugal, a província do Moxico é rica em recursos hídricos e diversos minerais ainda não explorados, além de possuir vas
tas planícies que, convenientemente exploradas, podem transformá-la numa das mais importantes do país, em termos de produção agrícola.
A garantia dada de trabalhar para atrair investimentos para o agronegócio e a realização de infra-estruturas fundamentais para
a promoção do progresso económico e social prometem fazer do Moxico, nos próximos anos, um canteiro de obras. Os projectos foram anunciados e não são poucos. Ainda que seja em ano de eleições, não há como, diante do capital de confiança política conquistado - e face a novos empreendimentos que são apresentados como trabalho realizado -, deixar de acreditar na seriedade das promessas feitas.
Quer no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios ( PIIM), com obras de pequena monta, quer ainda no quadro de intervenções de maior magnitude, as populações têm estado a testemunhar que as mudanças estão realmente a acontecer.
Resolver o problema da ligação rodoviária entre o Cuito e o Luena, entre Dala e Saurimo, das conexões entre as várias localidades da própria província do Moxico, das enchentes nos comboios dos Caminhos-de-ferro de Benguela (CFB), da falta de mais habitação, de hospitais, da expansão do Ensino Superior, da melhoria do comércio fronteiriço com a República Democrática do Congo (RDC), da ligação ferroviária com a Zâmbia, é projectar para esse vasto território uma nova realidade. Moxico vai poder ter condições para serem implantadas indústrias, criar novos empregos e deixar de ser apenas conhecida como a província onde valorosos combatentes nacionalistas bateram o pé ao colonialismo, onde Angola conquistou a paz, como produtora artesanal de mel, e onde a exploração ilegal de madeira é uma séria ameaça ao património florestal.
A reabilitação de várias estradas e a construção de novas vão, certamente, dar um novo impulso à vida local, para gáudio das populações e das autoridades tradicionais, com quem o Presidente teve a oportunidade de conversar e de quem pode colher informações que lhe permitiram mergulhar um pouco mais a fundo nas questões que, até agora, emperraram o seu desenvolvimento.
A notícia de uma nova gestão do CFB, em que o Estado, nesse quesito, abre mão e concede a um ente privado os direitos inerentes, como resultado do concurso público cujo desfecho será em breve anunciado, abre a perspectiva de o Caminho-de-ferro de Benguela poder ver ampliada a sua importância no desenvolvimento de uma vasta região, que compreende não apenas as províncias de Benguela, Bié e Moxico. Afigura-se a via mais económica para fazer chegar ao Moxico os fertilizantes da fábrica que deverá ser instalada na província do Zaire. Mas é, também, e no imediato, o canal mais apropriado para, a partir da Refinaria do Lobito, escoar os produtos derivados de petróleo para os mercados domésticos e para os fronteiriços servidos pelo CFB.
No plano das novas ideias, o Presidente João Lourenço tem primado por dar a conhecer o que pretende, em concreto, realizar, se for (de novo) eleito para um segundo mandato. O mérito reside em que tem obra feita e os novos projectos correspondem às expectativas das populações das diferentes províncias que está a visitar.
É ponto assente que o candidato do MPLA representa a marca de mudanças profundas que o país reclama, que, hoje, vão muito para além da construção de centralidades e de reabilitação de estradas e colocam acento tónico na descentralização dos investimentos, na senda de um combate mais assertivo às assimetrias que o país tem.
No plano das novas ideias, o Presidente João Lourenço tem primado por dar a conhecer o que pretende, em concreto, realizar, se for (de novo) eleito para um segundo mandato. O mérito reside em que tem obra feita e os novos projectos correspondem às expectativas das populações das diferentes províncias que está a visitar