Standard Bank espera inflação abaixo de 15%
Banco de capitais sul-africanos anunciou expectativas mais optimistas que as do Governo em relação ao curso dos preços
Expectativa é de que a inflação anual desça para níveis em torno dos 16,1 por cento no final do ano, depois do pico de 27,7 por cento em Janeiro e de 24,4 em Maio
A taxa de inflação em Angola entrou, neste momento, num ritmo de desaceleração acentuada, podendo, até ao final do ano, num cenário mais optimista fixar-se num intervalo entre os 10 e 15 por cento.
Este cenário, mais optimista em relação aos 18 por cento que avançam as indicações oficiais, foi apresentado, ontem, em Luanda, durante um “Briefing Económico”, pelo economista-chefe do Standard Bank Angola.
Fáusio Mussá disse que as previsões da sua instituição são apoiadas no facto de estarem a ser bem sucedidas as reformas implementadas pelo Banco Nacional de Angola, existir uma alta significativa do preço do barril de petróleo e os resultados também favoráveis das reformas macroeconómicas implementadas pelo Governo, desde 2018.
Segundo o economista, pela primeira vez, desde 2015, espera-se no sector petrolífero um aumento anual da produção de petróleo de 2,7 por cento para 1.155 milhões de barris por dia (mbpd). E, apesar da pandemia e do impacto das medidas globais para redução das emissões de carbono, Angola conseguiu mobilizar investimentos no sector petrolífero para estabilizar a produção que decresce desde 2016.
“A manutenção do subsídio aos combustíveis, uma medida que deve ser temporária, uma vez que distorce os preços relativos na economia, e muito provavelmente acaba beneficiando quem não precisa, pois não beneficia de forma eficiente e eficaz os grupos de rendimento baixo e mais desfavorecidos, tendo contribuído para a redução da inflação”, explica.
Fáusio Mussá assume para já que “a expectativa é de que a inflação anual desça para níveis em torno dos 16,1 por cento no final do ano, após um pico de 27,7 por cento em Janeiro, e um nível de 24,4 por cento em Maio”.
Segundo o economista- chefe do Standard Bank para Angola e Moçambique, tem contribuído para a descida da inflação o fortalecimento do Kwanza, que se apreciou 28,2 por cento face ao dólar norte-americano, desde o início do ano, e 49,2 por cento nos últimos 12 meses. Também a redução de impostos sobre os produtos de primeira necessidade e a i mplementação de uma reserva estratégica alimentar desde o início do ano têm contribuído para a redução da inflação.
O objectivo do “Briefing Económico” e da iniciativa de partilha de conhecimento especializado, produzida pela equipa de Research do Standard Bank é acrescentar valor no que diz respeito aos temas ligados à economia angolana e ao continente africano em geral.
Por sua vez, o presidente da Comissão Executiva do Standard Bank Angola, Luís Teles, disse que os sinais aumentam a confiança na economia angolana.
“Interessa-nos acompanhar de perto a evolução e comportamento da economia angolana. E, temos bons sinais que nos dão confiança que Angola está no bom caminho. Temos as taxas de juros e a inflação em rota descendente, uma moeda mais valorizada, uma folga fiscal orçamental resultante de maior rigor na gestão das contas públicas, um PIB a crescer e o preço do petróleo elevado. Porém, mantêm-se alguns desafios estruturais na composição do PIB Angolano, que exigem persistência na procura de uma maior diversificação sectorial do tecido produtivo”, afirmou.