Restos mortais de Lumumba já chegaram à terra natal
Os restos mortais de Patrice Lumumba, ex-primeiroMinistro congolês assassinado em 1961, regressaram, quarta-feira, ao país, depois da Bélgica ter devolvido uma semana antes à RDC um dente, o único resto mortal do herói da independência, noticiou a Lusa.
O avião com o caixão e a delegação, que deixou Bruxelas terça-feira à noite, fez uma paragem em Kinshasa, seguindo depois para Tshumbe, na província de Sankuru, em cujo aeródromo de terra batida antes pousaram três aviões ligeiros, os dois primeiros com funcionários governamentais e o terceiro com o caixão.
A chegada dos restos mortais foi acolhida de forma festiva, com um comité de boas-vindas, orquestra, chefes e dançarinos tradicionais.
De Tshumbe, a procissão percorreu 25 quilómetros para chegar a Onalua, vila onde Lumumba nasceu, em 1925 e onde estão previstos dois dias de homenagens. Durante nove dias, o caixão vai parar em l ocais emblemáticos da vida de Patrice Lumumba e terminará no dia 30 de Junho, na capital, onde após três dias de luto nacional, um mausoléu vai receber a cerimónia de enterro.
Desde 2013, Onalua faz parte de uma comuna chamada Lumumbaville, em memória do primeiro Primeiro-ministro do ex-congo belga (actual RDC).
O país tornou-se independente a 30 de Junho de 1960. Patrice Lumumba foi deposto em meados de Setembro do mesmo ano por um golpe de Estado. Foi executado em 17 de Janeiro de 1961 com dois irmãos de armas por separatistas da região de Katanga, no Sul da RDC, com o apoio de mercenários belgas.
O corpo, desmembrado e dissolvido em ácido, nunca foi encontrado, restando apenas o dente restituído, que foi guardado por um polícia belga como recordação e apreendido pela Justiça belga à filha, em 2016.
A restituição da relíquia ocorreu depois de Filipe, rei dos Belgas, ter expressado, oficialmente, no início deste mês, arrependimento pelos abusos do seu país no Congo quando era uma colónia.