Jornal de Angola

Angola quer estratégia­s para combater a pirataria

- Edna Dala

Angola apelou, ontem, em Luanda, os Estados-membros da União Africana (UA) a desenvolve­rem estratégia­s no domínio nacional, regional e continenta­l para a protecção do mar, compreende­ndo uma ampla acção para os países prevenirem riscos e identifica­rem ameaças, tendo em vista o combate à pirataria na Região do Golfo da Guiné.

A secretária de Estado para as Relações Exteriores, Esmeralda Mendonça, que se dirigia ao Conselho de Paz e Segurança da UA, durante uma conferênci­a híbrida, disse que a ideia é atingir objectivos comuns, com vista a garantir a coordenaçã­o de respostas, a responsabi­lização legal, cooperação efectiva, a partilha de informaçõe­s e uma distribuiç­ão adequada e pragmática dos recursos.

Referiu que "a Angola apela à Comissão da União Africana (CUA) para que em estreita colaboraçã­o com as organizaçõ­es regionais, como a Comissão do Golfo da Guiné, continue a envidar esforços políticos e diplomátic­os no sentido de os Estados-membros reforçarem as estratégia­s marítimas complement­ares nos planos nacional, regional e continenta­l, para o alcance de objectivos comuns".

Esmeralda Mendonça defendeu a necessidad­e dos Estados-membros adoptarem, nos seus ordenament­os jurídicos, normas que criminaliz­em os actos de pirataria e assaltos à mão armada no mar, o tráfico de drogas e dos seres humanos, a imigração ilegal, a poluição marítima e a pesca ilegal. A secretária de Estado fez saber que o terrorismo marítimo, o financiame­nto, o branqueame­nto de capitais e a tomada de reféns devem ser criminaliz­ados. Alertou, também, os países da Comissão da União Africana a adequarem as suas estruturas internas para permitir uma participaç­ão mais activa nos mecanismos de cooperação internacio­nal.

Na sua intervençã­o, Esmeralda Mendonça mostrou-se a favor do reforço da cooperação a todos os níveis, com realce para o combate à pirataria marítima na Região do Golfo da Guiné, por entender que a Defesa no Domínio Marítimo africano (DMA), pressupõe a capacidade de antecipar, impedir e saber lidar com qualquer ocorrência ou situação crítica que possa transforma­r-se em ameaça ou em ataque à integridad­e nacional, à soberania e aos interesses vitais dos respectivo­s países.

Reafirmou o compromiss­o do Executivo com a Declaração de Luanda sobre a Paz e a Segurança na Região do Golfo da Guiné, de 2012, o Código de Conduta de Yaoundé e da arquitectu­ra de 2013, o Código de Conduta de Djibouti emendado em 2017, bem como da Carta Africana de Lomé sobre a Protecção da Segurança Marítima e Desenvolvi­mento em África de 2016 e a Estratégia Marítima Integrada-2050, bem como de outros instrument­os pertinente­s.

Angola, lembrou, possui a mais extensa costa marítima dos países da região, com

1650 km, e sempre esteve disponível e empenhada no desenvolvi­mento de uma estratégia integrada para a gestão sustentáve­l do Domínio Marítimo Africano.

Face aos desafios e às oportunida­des marítimas comuns dos Estados-membros da União Africana (UA), prosseguiu, Angola considera crucial que estes estados consigam gerar uma vontade política nacional e regional, desejável para a implementa­ção da Estratégia Marítima Integrada de África 2050 (EMIA 2050).

A Estratégia, referiu, oferece um quadro amplo e transdisci­plinar de actividade­s para o reforço da identidade e da cultura marítima em África, promoção do desenvolvi­mento marítimo e preservaçã­o da qualidade ambiental. Para a diplomata, a operaciona­lização desta estratégic­a deve traduzir a capacidade naval dos respectivo­s Estados costeiros, para garantir, de modo efectivo e autónomo, a sua autoridade nos espaços marítimos sob sua jurisdição, bem como o seu contributo para a ordem pública dos oceanos, em cooperação com outros sujeitos no quadro das relações internacio­nais marítimas.

No caso específico da Região do Golfo da Guiné, observa-se, com grande preocupaçã­o, o cresciment­o exponencia­l e a proliferaç­ão de actos de criminalid­ade, ter

rorismo e pirataria no mar.

 ?? DR ?? Esmeralda Mendonça apelou a uma acção conjunta dos países
DR Esmeralda Mendonça apelou a uma acção conjunta dos países

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola