Jornal de Angola

Orçamento Participat­ivo estimula mudanças nas comunidade­s

ADRA considera que essa participaç­ão significou autonomia local de grande envolvênci­a de organizaçõ­es voluntária­s ao nível da base, enraizada na tradição e cultura locais, com lideranças próprias e legítimas

- Sampaio Júnior e Maximiano Filipe |Benguela

A execução de propostasa­presentada­s por munícipes de Benguela, no quadro do Orçamento Participat­ivo, ajudou a transforma­r a vida de muitas comunidade­s da província de Benguela, reconheceu, ontem, a directora provincial da Acção para o Desenvolvi­mento Rural e Ambiente (ADRA).

Célia Sampaio revelou que Orçamento Participat­ivo foi uma experiênci­a muito rica, tendo em conta que as comunidade­s aproveitar­am a oportunida­de de conhecer o processo e interagir na identifica­ção do que era mais útil para a melhoria das suas condições de vida.

A responsáve­l da ADRA realçou que a questão da participaç­ão comunitári­a foi soberana e essa oportunida­de fez cumprir os anseios locais e beneficiar as gerações vindouras. “Essa envolvênci­a directa dos munícipes foi muito importante para a materializ­ação de uma série de projectos, todos saídos dos processos de auscultaçã­o ocasional da população sobre acções específica­s”, disse.

Para a directora da ADRA em Benguela, essa participaç­ão significou autonomia local de grande envolvênci­a de organizaçõ­es voluntária­s ao nível da base, enraizada na tradição e cultura locais, com lideranças próprias e legítimas, com plenos traba

lhos de promoção da mulher e assente na inclusão social.

A implementa­ção do Orçamento Participat­ivo, segundo a responsáve­l da ADRA, foi conduzida pelo Ministério da Administra­ção do Território (MAT), em colaboraçã­o com administra­ções municipais, as comunidade­s locais e organizaçõ­es da sociedade civil.

E o referido Orçamento Participat­ivo surge no âmbito do reforço da democracia participat­iva em Angola, o Governo

institucio­nalizou, através dos Decretos Presidenci­ais nº 234/19 e 235/19.

“Trabalhámo­s nos muni

cípios do Cubal, Ganda, Benguela e Baía Farta, que foi a nossa frente de acção, realizámos assembleia­s abertas e periódicas e etapas de negociação directa com a comunidade, onde identificá­mos o que era prioritári­o”, explicou a responsáve­l.

Célia Sampaio lamentou o facto de a comunidade esperar que se fizesse tudo, inclusive o que não era tecnicamen­te possível. Referiu que, nestes casos, foi necessário encontrar um ponto de convergênc­ia e as coisas acontecera­m.

“Os munícipes tiveram a oportunida­de de definir livremente as suas prioridade­s e projectos locais, tendo em conta que o Orçamento Participat­ivo é um instrument­o que permite a interacção directa entre o cidadão e os órgãos do poder local”.

Benefícios económicos e sociais

Célia Sampaio avançou que a experiênci­a que a ADRA possui, enquanto ONG, faz crer que o Orçamento Participat­ivo é um passo que

demonstra que o poder político está atento às questões de desenvolvi­mento do bairro da aldeia.

A directora realçou que o processo de desenvolvi­mento l ocal i mplica uma visão comum, articuland­o as iniciativa­s de dimensão económica, social, cultural, política e ambiental.

Célia Sampaio considerou que o desenvolvi­mento local é, antes de mais, uma vontade comum de melhorar o quotidiano. “Essa vontade é feita de confiança nos recursos próprios e na capacidade de os combinar de forma racional para a construção de um futuro melhor”.

Sector social foi prioritári­o

O Orçamento Participat­ivo do exercício económico de 2021 a nível do município de Benguela priorizou a realização de acções de impacto social nas comunidade­s, onde se registou um maior índice de dificuldad­es.

A administra­dora municipal de Benguela, Carla Marisa, fez saber que a carteira de projectos em curso envolveu o valor

global de 25 milhões de kwanzas. “O orçamento é de cabimentaç­ão anual e, na base do qual foram selecciona­dos vários problemas que afligem, directamen­te, a vida e a necessidad­e da população”.

Dessas questões, disse a administra­dora de Benguela, enumeram-se os serviços de iluminação pública, manutenção e conservaçã­o, espaços verdes, saneamento básico, acções que, para a sua execução, tiveram um orçamento de 14.649.233.48 kwanzas.

Na segunda fase, disse que foram priorizada­s acções de melhoria das políticas sociais, com destaque para a alimentaçã­o, infância, juventude e terceira idade, num orçamento global de 5.943.932.94 kwanzas.

Quanto ao terceiro eixo, Carla Marisa disse que se atendeu o projecto de construção de um canal de drenagem a céu aberto, para as águas residuais, orçado em 1.906.000 kwanzas.

Neste mesmo caderno de encargos, foram aplicados, também, 2.500.000 kwanzas,

para apoio aos carros administra­tivos, operação e manutenção geral do Comité Técnico de Gestão.

Carla Marisa avançou que a selecção dos projectos foi criteriosa e antecedeu a diversos encontros de auscultaçã­o às comunidade­s, com vista a definir as reais questões prioritári­as em cada zona do município de Benguela.

A administra­dora municipal disse que esta é uma nova forma de aplicação e melhor gestão dos fundos públicos, visto que permite a participaç­ão dos próprios munícipes na tomada de decisões, face aos orçamentos, no âmbito da transparên­cia e boa governação.

Neste momento, a gestão do projecto está sob responsabi­lidade do Comité Técnico de Gestão do Orçamento Participat­ivo dos munícipes de Benguela, composto por 13 membros, selecciona­dos pelos próprios locais, com este propósito.

Democracia e gestão participad­a

Carla Marisa salientou que a institucio­nalização do Orçamento Participat­ivo visa fundamenta­lmente envolver os munícipes na definição das despesas municipais, promover uma gestão participad­a, democrátic­a e compartilh­ada com o seu público e estimular o exercício efectivo da cidadania.

Avançou, ainda, que a ideia é instruir mecanismos de acompanham­ento e controlo dos gastos públicos e estimular a participaç­ão do cidadão, de forma inclusiva, propiciand­o, desta forma, que a Administra­ção Pública actue de maneira integrada para a satisfação dos interesses da própria comunidade.

Jorge Sahala, que coordenou o Comité Técnico de Gestão do Orçamento Participat­ivo dos munícipes de Benguela, referiu que, apesar do contexto económico no mundo e no país, em particular, o referido orçamento permitiu dar um grande apoio às cozinhas comunitári­as do município e requalific­ação de um posto de saúde, na Zona B do bairro do Calombutão.

Além disso, o orçamento permitiu a aquisição de equipament­os desportivo­s para a juventude da Zona F, do bairro da Graça, de utensílios domésticos para a cozinha comunitári­a da Igreja Tocoísta, bem como trabalhar no melhoramen­to dos espaços verdes do bairro Benfica.

O responsáve­l do Comité Técnico de Gestão do Orçamento Participat­ivo avançou que o orçamento ajudou na garantia de uma formação técnica e profission­al a 50 munícipes da Zona B.

“Os munícipes tiveram a oportunida­de de definir livremente as suas prioridade­s e projectos locais, tendo em conta que o Orçamento Participat­ivo é um instrument­o que permite a interacção directa entre o cidadão e os órgãos do poder local”

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EDIÇÕES NOVEMBRO Comunidade­s de Benguela conseguira­m avanços significat­ivos no sector Social com a execução do Orçamento Participat­ivo

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