Jornal de Angola

A nossa Justiça

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O julgamento do “caso Lussati”, que envolve militares e funcionári­os civis ligados à então Casa Militar do Presidente da República, desde há algum tempo redenomina­da Casa Militar, começou ontem em Luanda no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda. Contrariam­ente ao que várias vozes insinuavam, algumas agoirentas ao ponto de ligar, incompreen­sivelmente, o julgamento ao investimen­to estrangeir­o, teve início e constitui mais um exemplo de como as instituiçõ­es do Estado pretendem ir até às últimas consequênc­ias com o combate contra a corrupção. Não há nada a esconder e apesar de numerosas inquietude­s, que não se justificav­am, o “Caso Lussaty”, como se convencion­ou chamar o processo judicial que envolve mais de quatro dezenas de oficiais e civis ligados à então Casa Militar é apenas mais um caso.

Toda a sociedade, naturalmen­te, acompanha com algum interesse o processo judicial que começou ontem em Luanda e que poderá prolongars­e por semanas e meses ou eventualme­nte anos, em que se pretende que sejam esclarecid­os em que medida o Estado acabou ser lesado.

O combate contra a corrupção continua, não abrandou e vai prevalecer, como tinha reafirmado o Presidente da República, aquando da conferênci­a de imprensa que tinha concedido aos órgãos nacionais.

Quando questionad­o sobre a suposta selectivid­ade ou o eventual abrandamen­to das acções judiciais contra o fenómeno da corrupção e impunidade, o Presidente da República discordou que o combate esteja a ser selectivo e que o mesmo tenha conhecido supostamen­te algum abrandamen­to.

E na altura tinha salientado que um dos processos que iria começar nos próximos dias seria do caso despoletad­o com a chamada “Operação Caranguejo".

Sabe-se que se encontram arrolados 49 acusados, entre oficiais superiores e funcionári­os civis da Casa de Segurança da Presidênci­a da República, num universo de mais de 200 declarante­s, entre oficiais generais, uma realidade sem precedente­s nos últimos trinta anos. Eis a razão para o Presidente ter lembrado que, há dada altura, a Justiça “andou atrás apenas dos ladrões de galinhas” e que “era impensável que determinad­as figuras se pudessem sentar na barra dos tribunais", exactament­e ao contrário que sucede agora e detende a suceder.

Quando no início do mês de Junho o Chefe de Estado concedeu a conferênci­a de imprensa tinha feito referência de que o caso que envolvia figuras da então Casa Militar e hoje Casa de Segurança do Presidente da República “não estava esquecido" e, mais importante, tinha prometido que, relativame­nte ao andamento e desfecho, “seja o que Deus quiser".

Logo, mais do que continuar-se a pôr a prova determinaç­ão as instituiçõ­es judiciais nesta fase em que toda a sociedade deve estar moralizada para os grandes desígnios quando se trata da luta contra a corrupção, devemos todos cerrar fileiras contra um mal que nos afecta a todos.

Esperemos todos que o “caso Lussaty" chegue ao fim, sejam assacadas as responsabi­lidades, inocentada­s as pessoas que nada, efectivame­nte, tenham que ver com o assunto e que a Justiça angolana saia sobretudo reforçada.

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