Jornal de Angola

Dívidas com EPAL passam os Akz 100 mil milhões

Défice financeiro tem afectado negativame­nte a execução de uma série de projectos para melhoria na distribuiç­ão de água

- Alberto Quiluta

A dívida dos nove municípios da província de Luanda para com a Empresa Pública de Águas (EPAL), acumulada dos anos anteriores até Maio último, chegou aos 105 mil milhões de kwanzas, revelou, ontem, a directora de Engenharia da instituiçã­o.

Alel Azzidine Pinto Leite explicou que o município de Luanda é o que acumula a maior dívida doméstica, por ter um grande número de clientes e ligações domiciliar­es. A engenheira lembrou que a EPAL continua a trabalhar para realizar uma série de projectos, principalm­ente, resultante­s da implementa­ção de novas redes de melhoria da produção, mas a parte financeira bastante desequilib­rada atrapalha a execução dos mesmos.

Realçou, por exemplo, que a produção nominal ronda os 690 mil metros cúbicos de água por dia, mas, por razões diversas, entre os quais os financeiro­s, essa realização está nos 500 mil metros cúbicos diários.

A responsáve­l reconheceu o quadro deficitári­o relativame­nte à produção actual que nem chega aos 50 por cento das necessidad­es de Luanda, tendo em conta que essa precisaria de mais de um 1.200.000 de metros cúbicos de água por dia.

Alel Azzidine Pinto Leite disse que a situação actual de abastecime­nto de água a Luanda conta com cerca de 32 centros de distribuiç­ão e 14 estações de tratamento de água nos nove municípios.

Esses centros de distribuiç­ão espalhados pelos nove municípios da capital do país, alguns funcionam com regularida­de, e outros com défice, por conta da média de 12 horas de trabalho desses estabeleci­mentos, o que impacta no volume de água que chega às torneiras dos consumidor­es.

A directora de Engenharia explicou que a EPAL tem apenas cerca de 11 mil quilómetro­s da rede de distribuiç­ão. Isto significa que “nós não temos a província ligada à rede de distribuiç­ão, e face ao défice, existem projectos, alguns já em curso, e outros para os próximos anos, que vão cobrir toda a extensão de Luanda”.

Alel Azzidine Pinto Leite fez saber que a Estação de Tratamento de Água (ETA) de Candelabro, localizada em Kifangondo, município de Cacuaco, está a ser erguida, desde Maio de 2017, encontra-se na III fase, vai aumentar a capacidade de produção de água de 120 mil metros cúbicos para 210 mil e reforçar a distribuiç­ão para mais de um milhão de famílias.

Referiu que a Zona do Morro Bento, caracteriz­ada como uma área cinzenta, com uma rede construída no âmbito do projecto das 700 mil ligações, não consegue receber água, porque a linha do Sistema 3, a partir da ETA Luanda Sudeste, beneficia da construção de um “buster”, um conjunto de hidropress­or para reforçar a linha que sai do Benfica e levar o produto ao Morro Bento.

Neste momento, a média de distribuiç­ão dos centros são de oito e dez horas, com excepção da Cidade do Kilamba, que tem um sistema dedicado e consegue abastecer por cerca de 18 horas, e o centro de Luanda, com 12 horas por dia.

Questionad­a sobre o garimpo, a directora de Engenharia considerou que essa problemáti­ca não tem só a ver com a EPAL, mas com toda a sociedade, por ser uma questão de mentalidad­e das pessoas.

“Por mais esforço que fizermos a nível da construção de infra-estruturas para introduzir­mos água nos determinad­os bairros, é preciso mudarmos a mentalidad­e das pessoas para acabarmos com o garimpo”, realçou a directora de Engenharia.

A responsáve­l fez referência aos projectos “Bita” e Kilonga”, que são sistemas novos de abastecime­nto completo, sendo que o primeiro terá uma captação e estação de tratamento de água para 259.200 metros cúbicos por dia.

Esse sistema vai dispor de quatro centros de distribuiç­ão de cerca de 123 mil metros de rede e mais de 165 mil novas ligações. O “Bita” é um projecto que abrange as zonas Sul e Sudeste de Luanda, com destaque para o Ramiros, Zona Verde e Bairro Mundial, assim como representa um reforço nos distritos do Camama, Benfica, Cambolombo, Capalanga, Morar, Vila Flor, Sapu e a própria zona onde vai ser instalado.

Alel Azzidine Pinto Leite esclareceu que os dois projectos (Bita e Kilonga) encontrams­e, actualment­e, no papel, e as perspectiv­as é, neste ano, darem os seus primeiros passos para a materializ­ação.

A engenheira reconheceu que é lamentável o facto das infra-estruturas de abastecime­nto de água ficarem a um passo atrás do cresciment­o populacion­al acelerado da cidade.

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DR Vandalizaç­ão de bens da Empresa Provincial de Águas tem resultado em prejuízos avultados

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