Desentendimento entre juiz e advogado provoca desmaio a um dos réus
A audiência está prevista para ser retomada hoje, mas os advogados de defesa ameaçam não comparecer à sessão, a menos que sejam previamente notificados pelo Tribunal da Comarca de Luanda
O julgamento do designado “Caso Lussati” retoma hoje, no Centro de Conferências de Talatona (CCT), depois de ter registado, ontem, um dia de interregno. A primeira sessão (terça-feira-28), foi dominada pela apresentação das questões prévias, em que os defensores procuram impedir o conhecimento do mérito da causa, mas, na quartafeira, o clima de tensão entre advogados e o juiz provocou o desmaio de um dos réus.
A sala de audiências registou o momento da crispação entre o juiz Andrade da Silva e o advogado Jorge Golfo Afonso, que provocou, em consequência, o desmaio do réu Joaquim Amado, marcando o segundo dia de julgamento do “Caso Lussati”, no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda.
Jorge Golfo Afonso, advogado do réu Joaquim Amado, desentendeu-se com o juiz da causa, facto que ocorreu, também, no primeiro dia de julgamento. A advogada Domingas Oliveira explicou ao Jornaldeangola que tudo começou momentos depois de o representante do Ministério Público apresentar a sua posição sobre as questões prévias.
A advogada fez saber que os juízes e os procuradores foram a um intervalo, com duração de quatro horas, mais duas acima do tempo previsto, colocando réus, advogados e demais intervenientes no processo a uma longa espera. Domingas Oliveira referiu que, depois do
regresso à sala de audiências, o juiz presidente da causa, Andrade da Silva, deu a palavra ao procurador, tendo este levado três horas a falar sem ser interrompido.
De seguida, explicou, o advogado Jorge Golfo Afonso tomou a palavra para apresentar o seu recurso em rela
ção às questões prévias, apresentadas por si mas que o Tribunal indeferiu. Domingas Oliveira sublinhou que o Tribunal indeferiu concretamente 97 por cento das questões apresentadas pelo colectivo de advogados.
Esclareceu que o seu colega, ao usar da palavra,
e, em um minuto, o j uiz interrompeu Jorge Golfo Afonso, por duas vezes, ao contrário do Ministério Público, que se pronunciou por três horas seguidas. “Passou-se este fenómeno, e os advogados indignados fizeram uma reclamação, devido esta postura do juiz presi
dente da causa”, disse, acrescentando que de seguida, enquanto o colega descrevia o conteúdo do seu recurso para a acta, o juiz da causa retirou-lhe a palavra e ordenou ao réu Joaquim Amado, constituinte do advogado Jorge Golfo Afonso a constituir outro advogado, num período de 8 dias. “Esta situação não foi de bom agrado para o constituinte do advogado, que se enervou e teve uma queda de pressão, em plena audiência, causandolhe, assim, o desmaio”, frisou. A advogada Domingas Oliveira, manifestamente inconformada com a situação, disse que a postura do juiz deixou os advogados indignados e, por isso, todos decidiram abandonar a audiência.
Audiências foram marcadas, até agora, por momentos de desentendimentos entre os advogados e o juiz da causa, numa altura em que o julgamento já registou um adiamento
“Nos retirámos todos da audiência, sem assinar a acta, por causa da conduta do meritíssimo juiz da causa”, realçou a advogada Domingas Oliveira, fazendo perceber que os advogados não querem comparecer no julgamento, sem uma prévia notificação. “Esperamos ser notificados para a audiência”, disse a advogada Domingas Oliveira.
O advogado do réu Pedro Lussati, Francisco Muteka, disse que o seu constituinte está bem psicologicamente, estando em regime de fisioterapia para recuperar a capacidade física, em virtude das fracturas que sofreu na altura da detenção.