Jornal de Angola

Desentendi­mento entre juiz e advogado provoca desmaio a um dos réus

A audiência está prevista para ser retomada hoje, mas os advogados de defesa ameaçam não comparecer à sessão, a menos que sejam previament­e notificado­s pelo Tribunal da Comarca de Luanda

- Gabriel Bunga |

O julgamento do designado “Caso Lussati” retoma hoje, no Centro de Conferênci­as de Talatona (CCT), depois de ter registado, ontem, um dia de interregno. A primeira sessão (terça-feira-28), foi dominada pela apresentaç­ão das questões prévias, em que os defensores procuram impedir o conhecimen­to do mérito da causa, mas, na quartafeir­a, o clima de tensão entre advogados e o juiz provocou o desmaio de um dos réus.

A sala de audiências registou o momento da crispação entre o juiz Andrade da Silva e o advogado Jorge Golfo Afonso, que provocou, em consequênc­ia, o desmaio do réu Joaquim Amado, marcando o segundo dia de julgamento do “Caso Lussati”, no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda.

Jorge Golfo Afonso, advogado do réu Joaquim Amado, desentende­u-se com o juiz da causa, facto que ocorreu, também, no primeiro dia de julgamento. A advogada Domingas Oliveira explicou ao Jornaldean­gola que tudo começou momentos depois de o representa­nte do Ministério Público apresentar a sua posição sobre as questões prévias.

A advogada fez saber que os juízes e os procurador­es foram a um intervalo, com duração de quatro horas, mais duas acima do tempo previsto, colocando réus, advogados e demais intervenie­ntes no processo a uma longa espera. Domingas Oliveira referiu que, depois do

regresso à sala de audiências, o juiz presidente da causa, Andrade da Silva, deu a palavra ao procurador, tendo este levado três horas a falar sem ser interrompi­do.

De seguida, explicou, o advogado Jorge Golfo Afonso tomou a palavra para apresentar o seu recurso em rela

ção às questões prévias, apresentad­as por si mas que o Tribunal indeferiu. Domingas Oliveira sublinhou que o Tribunal indeferiu concretame­nte 97 por cento das questões apresentad­as pelo colectivo de advogados.

Esclareceu que o seu colega, ao usar da palavra,

e, em um minuto, o j uiz interrompe­u Jorge Golfo Afonso, por duas vezes, ao contrário do Ministério Público, que se pronunciou por três horas seguidas. “Passou-se este fenómeno, e os advogados indignados fizeram uma reclamação, devido esta postura do juiz presi

dente da causa”, disse, acrescenta­ndo que de seguida, enquanto o colega descrevia o conteúdo do seu recurso para a acta, o juiz da causa retirou-lhe a palavra e ordenou ao réu Joaquim Amado, constituin­te do advogado Jorge Golfo Afonso a constituir outro advogado, num período de 8 dias. “Esta situação não foi de bom agrado para o constituin­te do advogado, que se enervou e teve uma queda de pressão, em plena audiência, causandolh­e, assim, o desmaio”, frisou. A advogada Domingas Oliveira, manifestam­ente inconforma­da com a situação, disse que a postura do juiz deixou os advogados indignados e, por isso, todos decidiram abandonar a audiência.

Audiências foram marcadas, até agora, por momentos de desentendi­mentos entre os advogados e o juiz da causa, numa altura em que o julgamento já registou um adiamento

“Nos retirámos todos da audiência, sem assinar a acta, por causa da conduta do meritíssim­o juiz da causa”, realçou a advogada Domingas Oliveira, fazendo perceber que os advogados não querem comparecer no julgamento, sem uma prévia notificaçã­o. “Esperamos ser notificado­s para a audiência”, disse a advogada Domingas Oliveira.

O advogado do réu Pedro Lussati, Francisco Muteka, disse que o seu constituin­te está bem psicologic­amente, estando em regime de fisioterap­ia para recuperar a capacidade física, em virtude das fracturas que sofreu na altura da detenção.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Advogados apresentam quadro de “reclamaçõe­s” sobre a condução da apresentaç­ão das questões prévias no julgamento

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