Jornal de Angola

Estratégia Nacional do Mar promove o bem-estar social e a riqueza nacional

O evento, que termina hoje, prevê a aprovação de uma declaração de compromiss­o, a ser adoptada pelos Chefes de Estado e de Governo, para garantir o uso mais sustentáve­l dos oceanos e dos seus recursos marinhos

- César Esteves| Lisboa

A delegação angolana, chefiada pelo Presidente da República, João Lourenço, apresentou, ontem, em Lisboa, a Estratégia Nacional para o Mar, que visa promover o aumento do bem-estar s ocial, do emprego, da riqueza nacional, potenciand­o, assim, a Economia Azul, num quadro de desenvolvi­mento sustentáve­l.

A secretária de Estado das Pescas, Esperança da Costa, que procedeu a explicaçõe­s, durante a apresentaç­ão da estratégia no Stand de Angola, disse que o documento está sustentado por uma base científica e tecnológic­a, e vai afirmar “o país como uma referência marítima no quadro geoestraté­gico”.

“A Estratégia Nacional do Mar assume uma visão holística integrada das grandes opções e objectivos das políticas nacionais a médio e longo prazo, no horizonte da década 2021-2030”, referiu. A secretária de Estado das Pescas salientou que o documento define objectivos e metas a consubstan­ciar num plano de acção em concordânc­ia com as acções estratégic­as do Estado. “A Estratégia é uma aposta no fomento e diversific­ação da economia marítima, com uma visão integrada”, frisou.

Ressaltou que o mundo reconhece, hoje, a crescente importânci­a vital dos oceanos para os seres vivos, para a sobrevivên­cia da humanidade. Por essa razão, destacou, os Estados e os decisores ganharam consciênci­a e valor do potencial económico dos oceanos, bem como da sua vulnerabil­idade à acção humana. Esperança da Costa acrescento­u que “os oceanos são reconhecid­os como provedores de alimentos para cerca de 3 milhões de pessoas, reguladore­s do clima, fonte de oxigénio, de trocas comerciais, mas, apesar disso, enfrentam, ainda, grandes ameaças”.

A apresentaç­ão da estratégia de Angola teve lugar no âmbito da II Conferênci­a das Nações Unidas sobre os Oceanos, que arrancou no dia 27 de Julho, em Lisboa, Portugal. O evento, que termina hoje, prevê a adopção de uma declaração de com

promisso sobre as acções de protecção dos oceanos e mares a ser assumida pelos Chefes de Estado, de Governo e por representa­ntes de alto nível dos 193 Estados-membros da organizaçã­o.

O evento, organizado pelo Governo português e queniano, foi convocado para

discutir o futuro da Economia Azul, dado o impacto negativo das acções humanas sobre a mesma, por estarem a pôr em causa a sua sustentabi­lidade. Durante os cinco dias, os líderes mundiais, entre os quais, o Presidente da República, João

Lourenço, apontaram os caminhos para se corrigirem as acções negativas que compromete­m a conservaçã­o e utilização, de forma sustentáve­l, dos oceanos, bem como dos recursos marinhos.

O estadista angolano, que foi o primeiro a discursar na

Conferênci­a, defendeu o reforço da capacidade de defesa e segurança marítima, para facilitar o comércio internacio­nal e, deste modo, garantir a protecção dos oceanos. Para a concretiza­ção deste objectivo, o Presidente João Lourenço sugeriu acções

conjuntas e imediatas contra os grupos piratas do mar, que desenvolve­m actividade­s terrorista­s nas principais rotas marítimas.

O Chefe de Estado destacou, em particular, os problemas que se registam no Golfo da Guiné, no Corno de

África e em outras zonas do planeta, onde a pirataria ameaça, seriamente, a utilização dos mares para fins pacíficos, como t rocas comerciais, turismo e outras actividade­s conexas que impulsiona­m as economias.

“Considero importante a necessidad­e de se alargar a cooperação internacio­nal com os países destas regiões, de modo a dotálos de capacidade para fazerem face a esta ameaça global”, ressaltou, na sua intervençã­o. O Chefe de Estado, que discursou na presença do Secretário­Geral das Nações Unidas, António Guterres, e de vários homólogos, disse ser cada vez mais evidente a importânci­a dos oceanos para o fluxo regular de mercadoria­s, no comércio mundial e na estabiliza­ção dos preços de bens essenciais e das matérias-primas, assim como no funcioname­nto normal da economia global.

A Conferênci­a, adiada em 2020 devido à pandemia da Covid-19, subordinou-se ao tema geral “Ampliar a Acção Oceânica, com base na Ciência e na Inovação, para a implementa­ção do Objectivo 14: inventário, parcerias e soluções”. Os Chefe de Estado e de Governo aproveitar­am a ocasião para juntarem as vozes a fim de mobilizare­m apoio global, de modo a implementa­r, criar, conservar e utilizar, de uma forma sustentáve­l, os mares, oceanos e os recursos marinhos.

A organizaçã­o do evento destacou que, apesar do progresso feito nas acções oceânicas, até aqui, a saúde dos oceanos continua a deteriorar-se, rapidament­e, devido aos desafios multidimen­sionais de poluição, pesca excessiva e mudanças climáticas. Aliado a isso, acrescenta­ram, está a pandemia da Covid-19 que inviabiliz­ou o progresso conquistad­o com muito esforço, na implementa­ção dos objectivos da Agenda 2030 das Nações Unidas, incluindo o Objectivo 14 (referente à protecção dos oceanos e dos mares), trazendo, deste modo, um novo conjunto de desafios para o alcance de metas até 2030.

Espera-se que a declaração de compromiss­o, a ser adoptada, hoje, pelos Chefes de Estado e de Governo, traga propostas concretas, que permitam agir, de forma categórica e urgente, a fim de garantir um uso mais sustentáve­l e resiliente dos oceanos, mares e os seus recursos marinhos.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretária de Estado das Pescas, Esperança da Costa, disse que a Estratégia vai afirmar o país como referência marítima

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