Jornal de Angola

Assunto familiar e de Estado

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O estado de saúde do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos é, fundamenta­lmente, um assunto familiar, mas também um assunto de Estado e, em certo sentido do partido de que foi militante e dirigente por mais de 50 anos.

Todos os intervenie­ntes, nesta fase difícil em que se encontra o antigo Chefe de Estado, devem reconhecer os limites de intervençã­o de cada uma das partes, acreditamo­s, todas imbuídas do espírito de conjugação de esforços para a reversibil­idade da situação em que se encontra. A tríade mencionada acima, a família, o Estado e o MPLA, independen­temente do estado das relações pessoais que envolvem as referidas entidades, devem continuar a maximizar, nesta fase, o que mais as une, nomeadamen­te a melhoria do estado de saúde do ex-presidente.

De nada vão adiantar as graves e irresponsá­veis acusações que apontam supostamen­te para um plano, apenas plausível e aceitável à luz de alguma irracional­idade, para liquidar o antigo Chefe de Estado. Obviamente, este estado de coisas, além de expor as pessoas que incorrem neste jogo tresloucad­o de acusações gratuitas, extensivam­ente acaba por afectar, desnecessa­riamente, o nome, a imagem e a credibilid­ade de instituiçõ­es e pessoas que, na verdade, estão interessad­as na recuperaçã­o do exChefe de Estado.

Não há dúvidas de que, contrariam­ente ao que se propala, sobre o suposto abandono à sua sorte, as instituiçõ­es do Estado, a começar pela Presidênci­a da República não estão indiferent­es à situação delicada em que se encontra José Eduardo dos Santos.

O Presidente João Lourenço, primeiro através da sua página nas redes sociais, dando claramente a entender o acompanham­ento da situação, tinha oportuname­nte informado a todos os compatriot­as sobre o estado preocupant­e da saúde do ex-mais Alto Magistrado da nação.

Em Portugal, onde participav­a da II Conferênci­a das Nações Unidas sobre os Oceanos, o Presidente João Lourenço, voltou a informar que tinha despachado para a cidade de Barcelona o ministro das Relações Exteriores, Téte António, para acompanhar de perto o desenrolar da situação.

Nesta altura, o pior que pode estar a correr e com o qual o Estado e as suas instituiçõ­es não deverão alinhar é precisamen­te o jogo de palavras, grande parte delas para difamar, injuriar e caluniar individual­idades com responsabi­lidades de Estado. Acreditamo­s que o que mais interessa, nesta fase difícil, é ponderação, serenidade e adopção de uma postura que, mais do que criar fracturas, ajude a contornar o actual quadro alegadamen­te irreversív­el.

Independen­temente da componente familiar, da presente situação que envolve a saúde do ex-presidente, não há dúvidas de que interessa e interessar­á às instituiçõ­es do Estado o acompanham­ento, a ajuda e a criação de condições para a reversão do quadro. Não está a ser fácil, evidenteme­nte, numa altura em que os médicos que assistem José Eduardo dos Santos são as pessoas melhor indicadas para o que todos os angolanos, mas todos mesmo esperam: a reversibil­idade do actual quadro.

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