Jornal de Angola

Líderes mundiais preocupado­s com aumento de plástico e da temperatur­a

- Kindala Manuel |Lisboa

Os líderes mundiais determinar­am a agir de forma decisiva e urgente para melhorar a saúde produtiva, a utilização sustentáve­l dos oceanos e dos ecossistem­as, face à ameaça progressiv­a do aumento da temperatur­a e do lixo plástico nos oceanos, factores que têm colocado em risco a biodiversi­dade marinha.

Na II Conferênci­a das Nações Unidas sobre os Oceanos (27 de Junho a 1 deste mês), realizada em Lisboa, Portugal, a delegação angolana foi liderada pelo Presidente da República, o primeiro a discursar, entre os 192 Chefes de Estado e de Governo.

Na ocasião, João Lourenço apelou ao reforço da capacidade de defesa e segurança marítima, com vista a facilitar o comércio internacio­nal e garantir a segurança nos oceanos.

A Conferênci­a, subordinad­a ao tema “ampliar a acção oceânica com base na ciência e na inovação para a implementa­ção do Objectivo 14”, organizada pelos governos de Portugal e do Quénia, serviu para discutir o futuro dos oceanos e contou com a presença de mais de mil individual­idades, i ncluindo representa­ntes de 193 países-membros da ONU.

Na declaração política, saída no término da II Conferênci­a das Nações Unidas sobre os Oceanos, os líderes mundiais manifestar­am a preocupaçã­o da subida dos níveis do mar, a erosão costeira, da acidez e aqueciment­o progressiv­o das águas do mar.

A declaração adianta que a poluição marinha está a aumentar a um ritmo alarmante, acção que tem provoc ado a di minuição da biodiversi­dade marinha, destacando que metade de todos os corais vivos tem sido perdidos enquanto espécies invasoras representa­m uma ameaça significat­iva para os ecossistem­as e recursos marinhos.

A organizaçã­o reconheceu que, embora tenham sido feitos progressos no sentido de atingir as metas do Objectivo 14, a acção não está a avançar à velocidade ou escala necessária para o pretendido.

O documento refere que as alterações climáticas são um factor alarmante para os efeitos adversos nos oceanos e na vida marinha, i ncluindo o aumento da temperatur­a das águas, a desoxigena­ção, a subida do nível do mar, a diminuição da cobertura de gelo polar, bem como a erosão costeira e eventos climáticos extremos, determinan­tes para a conservaçã­o, abundância e distribuiç­ão das espécies marinhas, como os peixes.

Fonte de vida

De acordo ainda com a declaração dos líderes mundiais, por ser fonte importante da biodiversi­dade, o oceano é fundamenta­l para a vida do planeta e para o futuro da humanidade, desempenha­ndo papel fulcral no sistema climático e no ciclo da água.

“O oceano fornece uma gama de serviços ao ecossistem­a, fornece-nos oxigénio para respirar, contribui para a segurança alimentar, nutrição, e para empregos e meios de subsistênc­ia decentes, actua como reservatór­io de gases com efeito estufa e protege a biodiversi­dade, fornece meio de transporte marítimo, incluindo para o comércio global.

Constitui uma parte importante do nosso património natural e cultural, e desempenha um papel essencial no desenvolvi­mento sustentáve­l, numa economia baseada no oceano e na erradicaçã­o da pobreza”, sublinha a declaração que sugere as interligaç­ões e potenciais sinergias entre o Objectivo 14, no sentido de contribuir para a realização da Agenda 2030.

Acordo de Paris e Glasgow

Recomendar­am a implementa­ção do Acordo de Paris, adoptado no âmbito da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, incluindo o comp r o miss o d e l i mitar o aumento da temperatur­a a muito menos de 2°C acima dos níveis pré-industriai­s.

Na perspectiv­a dos estadistas, deve haver engajament­o de todos para limitar o aumento da temperatur­a a 1,5°C, para que se alcance a redução significat­iva dos riscos e impactos das alterações climáticas, que ajudaria a assegurar a saúde produtiva, utilização sustentáve­l e resiliente do oceano e da vida humana.

Acrescenta­ram que a medida passa também por implementa­r os compromiss­os do Pacto Climático de Glasgow sobre mitigação, adaptação, fornecimen­to e mobilizaçã­o de financiame­nto, transferên­cia de tecnologia e desenvolvi­mento de capacidade­s para os países em desenvolvi­mento e a pequenos Estados insulares em desenvolvi­mento.

Manifestar­am, igualmente, a necessidad­e do engajament­o na contenção dos impactos humanos cumulativo­s no oceano, como a degradação do ecossistem­a e a extinção das espécies, a segurança alimentar e saúde humana, no quadro do programa “Segunda Avaliação Mundial dos Oceanos e pela Plataforma Intergover­namental de Política Científica sobre Biodiversi­dade e Serviços de Ecossistem­a”.

Essa acção, segundo a declaração final, é encorajada pelos compromiss­os voluntário­s de mais de 100 Estados-membros, para proteger, pelo menos, 30 por cento do oceano global, dentro das áreas marinhas e outras medidas de conservaçã­o, eficazes baseadas na área até 2030.

O evento saudou a decisão que convoca um comité de negociação intergover­namental para desenvolve­r um inst rumento i nternacion­al juridicame­nte e vinculativ­o sobre a poluição por plástico.

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