Registados 4.836 casos de violência doméstica

Um total de 4.836 denúncias de violência doméstica, com destaque para 54 casos de abusos sexuais contra menores, foi registado, de Janeiro a Março deste ano, pelo Serviço SOS - Criança, avançou, ontem, na vila de Ambriz, província do Bengo, a directora nacional para Políticas Familiares, Igualdade e Equidade do Género.

Maria Luzia Arbolay, que falava no “Workshop sobre Casamento e Gravidez Precoce”, acrescentou que, segundo o Instituto Nacional da Criança (INAC), em 2021, Angola registou 157.296 casos de violência doméstica e sexual, dos quais 153.742 contra menores.

Ainda no ano passado, prosseguiu, a Direcção Nacional de Saúde Pública registou 18.611 casos de crianças grávidas, com idades entre 10 e 17 anos.

Maria Arbolay explicou que em várias regiões de Angola os casos de gravidez e casamento precoces são muitas vezes motivados por questões culturais e tradicionais, que chegam a causar interferências negativas em vários aspectos da vida familiar.

“Temos adolescentes a iniciar a vida sexual aos 10 anos. Isso mostra que o assunto é muito sério e preocupante, tanto para os pais como para a sociedade”, disse Maria Arbolay.

No decorrer do Workshop sobre Casamento e Gravidez Precoces, a directora nacional de Políticas de Igualdade do Género e Promoção da Mulher, Santa Ernesto, disse que a família tem grandes responsabilidades no combate à gravidez precoce.

“É preciso reforçar a competência familiar. Poucos casos de violência doméstica chegam aos hospitais. Isso dificulta nas estatísticas e muitas vezes coloca as adolescentes na condição de potenciais candidatas à pobreza. É uma situação preocupante, porque 48 por cento da população angolana tem menos de 15 anos”, frisou.

Falando sobre “O Impacto da Gravidez Precoce no Desenvolvimento da Rapariga”, a médica Domingas Kumandala apontou a vergonha como um dos primeiros passos da auto-exclusão. Segundo a prelectora, as pessoas vítimas de violência, sobretudo as crianças, devem ser devidamente acompanhadas.

Segundo a directora do Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Igualdade do Género, Cândida Dias dos Santos, a palestra foi realizada no âmbito de uma campanha de resgate de valores morais, que decorre em todas as províncias do país, sob a coordenação do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher.