Mali aprova um novo calendário para a votação
O Governo do Mali fixou, ontem, Fevereiro de 2024 como data para a realização das presidenciais e adoptou um calendário eleitoral para a transição na véspera da realização da Cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que deve analisar as sanções impostas à Junta Militar em Janeiro. Segundo a AFP, além da data para as eleições presidenciais, ficou também fixada para Março de 2023 a realização de um referendo sobre a nova Constituição.
As legislativas, por seu lado, serão realizadas entre Outubro e Novembro de 2023, e as eleições locais em Junho de 2023, de acordo com uma decisão tomada na reunião do Governo.
“As nossas autoridades estão a abrir ainda mais o caminho para um retorno à ordem constitucional no Mali, palco de dois golpes de estado liderados pelo mesmo grupo de coronéis em Agosto de 2020 e Maio de 2021”, disse o porta-voz do Governo, coro
nel Abdoulaye Maiga, que também é ministro da Administração do Território.
“O Governo considera este calendário eleitoral e referendo realista”, acrescentou. Os documentos agora aprovados foram previamente apresentados a actores políticos e da sociedade civil.
A Junta maliana já havia emitido um decreto no início de Junho estipulando que governaria até Março de 2024. A CEDEAO “lamentou” que as autoridades não tenham esperado até ao final das negociações para definir o prazo.
A CEDEAO vem pressionando desde que os militares tomaram o poder em Agosto de 2020 no sentido de conseguir um rápido retorno de civis ao poder no Mali, país que está mergulhado numa profunda crise política e de segurança desde 2012.
As sanções afectam ainda mais uma economia já tensa. A CEDEAO condicionou o levantamento das sanções à apresentação pela Junta de um calendário para a transferência de poder aos civis e que considere aceitável. O calendário deve ser apresentado aos Chefes de Estado da CEDEAO na cimeira que decorrerá em Accra.
O mediador da África Ocidental, o ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan, fez várias viagens a Bamako para discutir com as autoridades militares e tentar chegar a um acordo.