Balões brancos para os que partiram
Os balões lançados ao ar são para os que partiram. Mas a homenagem é extensiva a todos aqueles que, na profissão, defenderam e continuam a defender Angola e a ajudar os angolanos a desfrutarem da paz, da liberdade e a manter a unidade nacional. A fé inquebrantável nos valores mais nobres da profissão, apesar dos ataques que estes heróis da escrita são alvos, mostra que há razões para acreditar num futuro melhor
No dia em que este jornal completou 46 anos a levar informação ao público (de Angola e do mundo), a direcção decidiu brindar os funcionários com uma festa. Um dos momentos mais marcantes e emocionantes foi a cerimónia de lançamento de balões brancos ao ar, em memória de todos aqueles que ajudaram a erguer a Edições Novembro, empresa que nasceu com um jornal (de Angola) e que se consolidou com a revista Novembro (do célebre Zito Mabanga) e que hoje, mais de quatro décadas depois, conta com 11 títulos, entre diário, de especialidade e regionais. Ao longo deste tempo, a Edições Novembro esteve em todas as etapas da vida deste país, sempre a informar os angolanos.
Bem vistas as coisas, o protagonismo do jornal que suporta a empresa vem do longínquo ano de 1923, com a criação da “Província de Angola”, veículo de informação e opinião de cariz colonial, cuja empresa viria a ser nacionalizada em 26 de Junho de 1976, sete meses após a Independência Nacional, para dar lugar a Edições Novembro, como bem lembra o jornalista Rui Ramos, num texto especial publicado no dia do aniversário.
De lá para cá, o jornal sempre acompanhou os angolanos. Ajudou a consolidar as estruturas da nova Nação, mostrou ao mundo a determinação do povo. Na era dos telexes, das máquinas de escrever com papel químico, ajudou a travar os carcamanos que tentavam desestabilizar o país e retirar dos angolanos o direito de comandarem o seu próprio destino.
No meio de muitas dificuldades, mostrou o país suspenso, com a morte de Neto. Depois, ajudou a relançar a esperança, com o jovem José Eduardo dos Santos, numa “transição necessária”. Depois, veio o multipartidarismo e o jornal esteve lá, a cumprir o seu papel: informar os angolanos e o mundo sobre Angola e o mundo.
Fiéis aos compromissos dos fundadores, as gerações seguintes mostraram as primeiras eleições, a vontade dos angolanos e a expectativa do mundo em relação à coragem e determinação de um povo que mostrou saber bem o que queria.
As páginas do diário mostraram, também, o país que se reerguia aos poucos, depois de décadas de guerra civil, que destruiu quase todas as infra-estruturas. Reportaram toda a transformação do país. Uma ponte aqui outra acolá, uma escola, um hospital, uma fábrica, uma estrada, até surgirem cidades. A Edições Novembro sempre esteve lá.
Hoje, vivem-se tempos novos. A globalização e as novas tecnologias impõem enormes desafios às organizações. São tempos em que as redes sociais democratizaram de tal forma a comunicação, que se chega a confundir informação e desinformação, tornando os consumidores vítimas fáceis de indivíduos sem carácter. São tempos difíceis, é verdade.
Cá entre nós, nesta luta diária de consolidação da democracia e mostrar ao mundo esta Angola que se renova todos os dias, é preciso mais trabalho e empenho de todos. A actual administração,
liderada pelo jornalista Drumond Jaime, quer continuar a estender o acesso ao Jornal de Angola e demais títulos, no formato físico e digital. O objectivo é levar a informação a todo o recanto deste país. Os valores continuam os mesmos: velar pelo interesse público, clareza e rigor na informação, isenção e pluralidade e cultivar o trabalho de equipa.
Os balões lançados ao ar são para os que partiram. Mas a homenagem é extensiva a todos aqueles que, na profissão, defenderam e continuam a defender Angola e a ajudar os angolanos a desfrutarem da paz, da liberdade e a manter a unidade nacional. A fé in
quebrantável nos valores mais nobres da profissão, apesar dos ataques que estes heróis da escrita são alvos, mostra que há
razões para acreditar num futuro melhor.