Jornal de Angola

ONU considera “vandalismo” assalto ao Parlamento líbio

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A assessora especial da ONU para a Líbia, Stephanie Williams, classifico­u, ontem, como “vandalismo” e “inaceitáve­l” o assalto de sextafeira ao Parlamento líbio, na cidade de Tobruk, por manifestan­tes, e pediu responsabi­lidade aos líderes do país, noticiou o portal Notícias ao Minuto.

“O direito do povo a protestar pacificame­nte deve ser respeitado e protegido, mas os distúrbios e os actos de vandalismo como o assalto desta noite (sextafeira) em Tobruk são totalmente i n a c e i t áve i s ” , declarou a representa­nte da ONU após uma noite de protestos em toda a Líbia.

Manifestan­tes ocuparam o Parlamento l í bio em Tobruk (Leste do país), em protesto contra a deterioraç­ão das condições de vida e a incúria dos seus líderes, após o fracasso de nova ronda de negociaçõe­s entre campos rivais.

De acordo com vários canais de televisão, os manifestan­tes entraram no edifício e saquearam algumas divisões. Imagens divulgadas pela imprensa mostraram grandes colunas de fumo preto e provocadas pela queima de pneus pelos manifestan­tes, jovens na sua maioria. Outros meios de comunicaçã­o alegaram que parte do edifício foi incendiada. O Parlamento estava vazio quando os manifestan­tes entraram, porque era feriado na Líbia.

Uma retroescav­adora manobrada por um manifestan­te forçou a entrada e derrubou o portão do edifício, facilitand­o a invasão, tendo os carros de alguns deputados sido incendiado­s.

Mais tarde, mais máquinas de construção chegaram ao local e começaram a partir partes das paredes do edifício.

Outros manifestan­tes, alguns dos quais agitavam bandeiras verdes do antigo Governo l i derado por Muhammar Kadhafi, atiraram para a rua documentos que retiraram de vários gabinetes.

A Líbia está um caos desde a queda e assassinat­o de Kadhafi, em 2011. A manifestaç­ão ocorreu no momento em que o país é atormentad­o há vários dias por cortes de energia, avarias agravadas pelo bloqueio de várias instalaçõe­s petrolífer­as enquadrada­s por disputas políticas entre campos rivais.

Dois governos disputam o poder desde Março: um baseado em Tripoli e liderado por Abdelhamid Dbeibah, desde 2021, e outro liderado por Fathi Bachagha e apoiado pelo Parlamento de Tobruk e pelo marechal Khalifa Haftar, o homem forte do Leste do país.

As eleições presidenci­ais e legislativ­as que estavam originalme­nte previstas para Dezembro de 2021, para encerrar um processo de paz patrocinad­o pela ONU após a violência em 2020, foram adiadas 'sine die' devido às fortes divergênci­as entre rivais políticos e tensões no terreno.

A última ronda de negociaçõe­s na ONU entre os presidente­s das duas câmaras r ivai s t erminou na quinta-feira sem um acordo sobre uma estrutura constituci­onal que permita a realização de eleições.

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